As taxas de operações de crédito subiram novamente em junho, pelo 13º mês consecutivo, de acordo com pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Em pontos porcentuais, as elevações superaram as recentes altas da Selic, destaca a instituição. Para os próximos meses, a associação projeta ser “provável” que as taxas se mantenham “inalteradas”, caso a inadimplência se mantenha estável.
De março do ano passado para junho deste ano, a taxa Selic passou de 7,25% para 11% ao ano, alta de 3,75 pontos porcentuais. No mesmo período, a taxa de juros média para pessoa física subiu de 87,97% ao ano para 101,90%, aumento de 13,93 pontos porcentuais, segundo a Anefac. Já para pessoa jurídica, na análise de março de 2013 para junho de 2014, as operações de crédito subiram 6,48 pontos porcentuais, ao passar de 43,58% para 50,06% ao ano.
Das seis linhas de crédito para pessoa física pesquisadas pela Anefac, cinco subiram em junho (juros do comércio, cartão de crédito rotativo, cheque especial, empréstimo pessoal em bancos e empréstimo pessoal em financeiras) e apenas uma teve uma queda – o CDC em bancos para financiamento de automóveis, com -1,11%. Na média, a taxa de juros subiu de 5,98% em maio para 6,03% ao mês em junho, a maior taxa registrada desde julho de 2012 (6,12%).
Entre as três linhas de crédito para pessoa jurídica pesquisadas, apenas uma foi reduzida (capital de giro) e duas foram elevadas (desconto de duplicadas e conta garantida), informou a Anefac. Na média, a taxa de juros passou de 3,41% em maio deste ano para 3,44% ao mês em junho. O resultado foi a maior taxa de juros desde julho de 2012 (3,53%).
O diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac, Miguel de Oliveira, atribui as elevações tanto ao aumento da inadimplência quanto ao cenário econômico nacional, com expectativa de piora nos índices de inflação e de crescimento econômico. Para ele, esses fatores aumentam o risco de crédito, na medida em que há expectativa de aumento nos índices de inadimplência.
Com a tendência de manutenção da Selic em 11% no curto prazo, o economista projeta que as taxas de juros de operações de crédito devam se manter “inalteradas”. “A não ser que, eventualmente, por conta da piora no cenário econômico, a inadimplência venha a ser elevada, o que levaria as instituições financeiras a subir suas taxas de juros mesmo em um ambiente de manutenção da taxa básica de juros”, pondera em comunicado enviado à imprensa.