Estadão

Juros: À espera do Copom e arcabouço, taxas ficam de lado em dia de liquidez fraca

A ausência dos mercados em Wall Street, a agenda esvaziada e o compasso de espera pelos eventos da semana resultaram num dia fraco para o mercado de juros. As taxas ensaiaram uma pressão de alta pela manhã, mas que se dissipou ao longo da sessão, e passaram a oscilar de lado até o fechamento. Numa segunda-feira de liquidez fraquíssima, o mercado resistiu a uma realização de lucros, mas também não houve gatilhos para estimular o aumento da exposição ao risco, mesmo com o dólar abaixo de R$ 4,80 e nova rodada de redução das expectativas de inflação e Selic no Boletim Focus.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 ficou em 13,030%, de 13,017% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 11,12% para 11,13%. A do DI para janeiro de 2027 encerrou em 10,51% (de 10,50% no ajuste) e a do DI para janeiro de 2029, em 10,86%, 10,84%.

"O foco hoje todo está no câmbio. A agenda está esvaziada e há um compasso de espera pelo Copom e pelo arcabouço", resumiu o economista da MAG Investimentos Felipe Rodrigo de Oliveira.

A valorização do câmbio é vista como um dos catalisadores da melhora do quadro não só para a inflação corrente como das expectativas. Duas de três variáveis-chave, como lembra Oliveira, que parecem ser condicionantes para o início do ciclo de cortes da Selic. A outra, diz, é o arcabouço fiscal. Todas elas vêm apresentando evolução e, desse modo, abrem caminho, se não para uma queda da Selic esta semana, ao menos para um ajuste na comunicação do Copom, que sinalize que uma redução da Selic já está no radar dos diretores.

"Esperamos a retirada da última frase do texto, onde diz que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como o esperado ", preveem os analistas do BTG Pactual, para os quais a manutenção deste trecho dará ao mercado a interpretação de um tom hawkish e dúvidas sobre o início do ciclo de cortes em agosto.

O dólar à vista caiu 0,92%, fechando hoje em R$ 4,7755, o menor patamar desde 31/5/2022 (R$ 4,7526). Sobre o novo marco fiscal, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a expectativa é encerrar a votação no Senado nesta semana. Na avaliação do ministro, a proposta está bem calibrada e é a "prioridade absoluta no Senado". Está prevista para ser votada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta terça. Em seguida, deve ir a plenário.

Na Pesquisa Focus, a nova onda de revisões para baixo para o IPCA veio acompanhada de queda nas medianas para a Selic. Após oito semanas parada em 12,50%, a expectativa para o fim de 2023 caiu para 12,25%. No fim de 2024, cedeu de 10,00% para 9,50%, após 17 semanas de estabilidade, alinhando-se, assim, ao que está precificado na curva de juros. Ainda, os analistas anteciparam de setembro para agosto a projeção para o primeiro corte, também convergindo para o que prevalece tanto na precificação dos DIs quanto nas opções digitais.

As expectativas de IPCA recuaram em todos os horizontes. Após o corte nos preços da gasolina na semana passada, a mediana para junho (0,20% para -0,04%) já é deflacionária. Para o fim de 2023, a projeção tombou de 5,42% para 5,12%, ainda acima do teto da meta de 4,75%. A de 2024 saiu de 4,04% para 4,00% e a de 2025, de 3,90% para 3,80%. A mediana para 2026 recuou a 3,80%, de 3,88%.

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