Estadão

Juros: Exterior e Lira tiram ímpeto das taxas; mercado segue de olho em fiscal

A melhora de humor no mercado externo e declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), negando o aumento do Bolsa Família a R$ 400 e o risco de rompimento do teto dos gastos aliviaram a pressão nos juros à tarde, limitando o impacto das preocupações com o cenário fiscal, que voltaram a pesar justamente nesta terça-feira em que o Copom deu início à sua reunião de política monetária de dois dias.

A curva abriu estressada com o agravamento das tensões entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o presidente Jair Bolsonaro e rumores de que o governo poderia elevar o valor do Bolsa Família para R$ 400.

Piorou ainda mais depois da live do ministro da Economia, Paulo Guedes, na qual apresentou os principais pontos da proposta para pagamento dos precatórios. A ideia de parcelamento não agradou aos investidores. "Devo, não nego. Pagarei assim que puder", disse Guedes.

Ainda que o ministro tenha negado que se trate de um calote, o mercado não se convenceu e a declaração pegou muito mal nas mesas. "O mercado não vê isso como uma boa solução. É no mínimo uma postergação de dívida", disse o diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset, Rogério Braga.

Desse modo, à tarde, fala do presidente da Câmara conseguiu acalmar os ânimos. Lira negou conversas em torno do Bolsa Família de R$ 400 na PEC dos precatórios e a possibilidade de furar o teto dos gastos.

As apostas em torno de um aumento de 1 ponto porcentual na Selic amanhã estão consolidadas, mesmo com a produção industrial de junho abaixo da mediana das estimativas. É dada como certa não só no DI, mas também nos Departamentos Econômicos, hoje com mais casas revisando suas projeções, caso do Banco MUFG Brasil, que antes esperava alta de 0,75 ponto, e agora prevê 1 ponto.

No fim da sessão regular, as taxas preservavam apenas um viés de alta. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 6,34%, de 6,321% ontem, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 7,856% ontem para 7,885%. A do DI para janeiro de 2025 encerrou na mínima de 8,79%, tendo rompido a faixa de 9% nas máximas de manhã, de 8,775% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 9,11%, de 9,084% ontem.

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