Os juros futuros fecharam com forte alta nesta quinta-feira, 1º de junho, reagindo ao comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira, e a preocupações com o andamento das reformas no Congresso. O ajuste de posições foi expressivo e turbinou o volume de contratos negociados nos principais vencimentos.
No fim da sessão regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2018 (457.830 contratos) fechou com taxa de 9,385%, de 9,250% no ajuste de quarta. A taxa do DI janeiro de 2019 (414.985 contratos) subiu de 9,30% para 9,51% e a do DI janeiro de 2021 (258.265 contratos), de 10,30% para 10,47%.
A trajetória do DI para julho de 2017 destoou das demais, uma vez que este contrato, que melhor refletia a expectativa para a decisão do Copom, ainda embutia apostas residuais de queda da Selic de 0,75 ponto, menor do que a de 1 ponto ratificada pelo Comitê. Este vencimento movimentou 2.807.440 contratos e fechou com taxa de 10,142%, ante 10,200% no ajuste de quarta.
O Copom endossou a aposta majoritária do mercado, de Selic a 10,25%, mas a mensagem do comunicado levou o investidor a diminuir sua aposta em um novo corte de 1 ponto da Selic em julho. “Em função do cenário básico e do atual balanço de riscos, o Copom entende que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado hoje deve se mostrar adequada em sua próxima reunião”, afirma o comitê no texto. Para os analistas, a hipótese mais provável é uma queda de 0,75 ponto.
Em outro trecho, o comunicado lembrou ao mercado das dificuldades que o governo vem enfrentando para aprovar as reformas. “O Comitê entende que o aumento recente da incerteza associada à evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira dificulta a queda mais célere das estimativas da taxa de juros estrutural e as torna mais incertas”, afirma o Copom.
Nesse contexto, as taxas futuras, que já se ajustavam em alta desde cedo, ampliaram o avanço entre o final da manhã e o meio da tarde. Além das operações relacionadas ao leilão de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e da renovação das máximas do dólar naquele momento, alguns profissionais viram nas afirmações do presidente da comissão especial da reforma da Previdência na Câmara, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), motivo para adicionar cautela.
Ele afirmou que pedirá ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que marque o início da votação da reforma da Previdência para entre os dias 25 e 26 de junho, em tempo hábil para concluir a apreciação da matéria até 15 de julho, quando começa o recesso. Na terça, Rodrigo Maia havia dito que colocaria em “poucas semanas” o texto para votação e que isso ocorreria “com certeza antes do fim do primeiro semestre”.