O mercado de juros finalmente realizou parte dos lucros e as taxas fecharam a etapa regular em alta, após recuarem, no caso das taxas longas, por sete sessões consecutivas. O investidor teve nesta quarta-feira, 5, um terreno fértil no cenário político para justificar o ajuste, em especial no período da tarde, quando as taxas ampliaram o avanço. O adiamento da sessão da Comissão Mista de Orçamento (CMO) para votar o pedido de crédito extra do governo ao Congresso, informações sobre possível flexibilização na regra do teto dos gastos e expectativa quanto ao julgamento sobre as privatizações no Supremo Tribunal Federal (STF) formaram os principais argumentos do dia a ampararem a trajetória ascendente. No entanto, a avaliação nas mesas de renda fixa é de que trata-se apenas de uma correção e não de mudança de tendência, tanto que na sessão estendida o movimento de realização já perdia força.
Todas as principais taxas futuras encerraram a etapa regular nas máximas. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou em 6,280%, de 6,229% na terça no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 subiu de 6,380% para 6,480%. A taxa para janeiro de 2023 encerrou em 7,44%, de 7,301%, e a do DI para janeiro de 2025 avançou de 7,841% para 8,01%.
As taxas chegaram a oscilar em queda no início do dia, mas se firmaram em alta junto com o dólar ainda pela manhã, em meio aos sinais vindos de Brasília e a uma esperada realização de lucros. “As curvas no mundo fecharam bastante recentemente e, aqui, a parte política está melhor, mas ainda existe possibilidade de ruído”, disse o trader da Sicredi Asset Cassio Andrade Xavier.
Há dúvidas sobre até que ponto o mercado não está se antecipando exageradamente a um cenário benigno. “O próximo passo é ver como ficará a questão dos Estados Unidos”, disse Xavier, ressaltando a mudança drástica no desenho da curva dos Treasuries nas últimas semanas.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, em meio à crescente aposta de cortes de juros pelo Federal Reserve, voltaram a cair, o que ajudou a limitar a influência do câmbio sobre a curva doméstica durante parte do dia, mas no fim da sessão fatores locais prevaleceram, levando as taxas às máximas. O mercado reagiu mal a informações publicadas pela agência Bloomberg de que integrantes do governo discutem mudanças para flexibilizar a regra do teto dos gastos públicos após a aprovação da reforma da Previdência.
Já na etapa estendida, o Ministério da Economia se manifestou e negou as mudanças. Fontes ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, afirmaram que tal possibilidade chegou a ser aventada pela equipe econômica, mas depois foi descartada.