Juros fecham em queda e curtos renovam mínima histórica

A suavização da guerra comercial, os seguidos acenos do presidente Jair Bolsonaro ao ministro Paulo Guedes (Economia) e sinais de uma atividade doméstica bastante fraca deram espaço para a queda dos juros futuros em todos os vértices nesta sexta-feira, 8, movimento acentuado na etapa da tarde. A baixa vem ainda na esteira da menor taxa de inflação em 12 meses em mais de duas décadas e em um dia de alívio no câmbio. Desta forma, o contrato do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou nas mínimas da sessão e histórica, a 2,475%.

Perto também dos menores níveis já registrados, o janeiro 2022 terminou em 3,240%, de 3,340% no ajuste de ontem, e o janeiro 2023 passou de 4,570% para 4,420% (mínima). O janeiro 2027 foi de 7,570% para 7,440% (mínima), desinclinando um pouco a curva na sessão de hoje.

Após dias seguidos de declarações contra a China, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, baixou o tom. Pela manhã, ele reconheceu que está em um momento difícil na relação com o país asiático e cobrou transparência de Pequim em relação ao coronavírus, mas disse achar que o governo de Xi Jinping ao menos tentou conter a doença.

O alívio não foi só externo. Operadores do mercado de juros citaram a reaproximação de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, após seguidos acenos do presidente ao ministro. Ontem, o chefe do Planalto reafirmou o compromisso de vetar a extensão do congelamento de salários de servidores, disse que o comandante da Economia é dono de 99% da pauta da área e se colocou contra o aumento da Cide e de outros tributos.

O IPCA caiu 0,31% na passagem de março para abril e acumulou taxa de 2,40% em 12 meses, ante uma meta de 4% perseguida pelo BC este ano. Na margem, é o menor número desde agosto de 1998. Em 12 meses, é o mais baixo desde fevereiro de 1999.

No lado da atividade, a produção de veículos caiu 99,3% entre março e abril, postando o pior mês da série, desde 1957. Já o fluxo de veículos em abril caiu 43,8% em abril, ante igual mês de 2019, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) e a Tendências Consultoria Integrada.

Em relatório, o Departamento de Pesquisas e Estudos Economômicos do Bradesco ressalta que, a despeito das incertezas, "não se pode descartar uma Selic terminal ainda mais baixa do que 2,25% ao ano, nosso cenário atual. Tais incertezas não serão dissipadas rapidamente, mas avaliamos haver espaço para um juro entre 1,75% e 2,25% no final do ciclo".

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