Estadão

Juros fecham em queda forte, de olho em dólar e Campos Neto

Os juros futuros encerraram a sessão desta quinta-feira em queda firme, concentrada no trecho intermediário da curva, à medida que o mercado assimila os efeitos da baixa forte do dólar. Investidores acompanharam ainda as falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na última hora da sessão regular, que trouxe um viés adicional de baixa às taxas.

Inicialmente, o mercado de DI teve uma reação morna a Campos Neto, mas começou a responder quando ele fez declarações sobre inflação e fiscal.

No campo inflacionário, Campos Neto disse que os modelos do BC não encontraram aumento de inércia por maior persistência dos preços altos, mas reconheceu que maior inflação em 2021 trouxe maior contaminação para 2022.

Ele salientou ainda que o aumento de tarifas monitoradas tem sido menor do que se esperava. Na parte fiscal, ele voltou a argumentar que os resultados das contas públicas brasileiras no ano passado foram melhores do que os anteriormente projetados.

Toda a curva fechou na mínima da sessão regular, mas o ímpeto de baixa se reduziu na estendida, com a virada pontual do dólar futuro para o positivo. O DI para janeiro de 2023 recuou de 12,027% no ajuste de quarta-feira a 11,88% (regular) e 11,925% (estendida). O janeiro 2025 cedeu de 11,263% a 11,06% (regular) e 11,125% (estendida). E o janeiro 2027 caiu de 11,242% a 11,095% (regular) e 11,145% (estendida).

O mercado monitorou também falas do presidente Jair Bolsonaro da quarta à noite. O presidente voltou a colocar em dúvida a concessão de um aumento salarial generalizado. "Não tem folga no Orçamento para o corrente ano", disse.

A peça orçamentária tem de ser sancionada até a sexta e, nos bastidores de Brasília, o comentário é de que o reajuste deve ser dado somente às categorias policiais, como Bolsonaro havia articulado. Apesar da revolta que gerou, a percepção do governo é de que os movimentos de paralisação tiveram pouca adesão e que devem se dissipar.

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