Juros fecham sessão regular em alta de olho na reforma tributária

Os juros futuros fecharam a sessão regular em alta em todos os vencimentos, mas mais pronunciada nos vértices intermediários, que concentram liquidez. Na etapa estendida, porém, as taxas mostravam alívio, maior justamente no miolo da curva, na medida em que se dissiparam no fim do dia os principais fatores a puxar para cima as taxas mais cedo. Com a perspectiva de entrega da reforma tributária do Executivo nesta terça-feira, 21, ao Congresso sendo embutida nos preços desde a semana passada, o mercado reagiu à possibilidade de o projeto incluir a reoneração dos itens da cesta básica, o que poderia servir de argumento para o Copom deixar a Selic estável na reunião de agosto. Não por acaso, na precificação da curva, as apostas para manutenção da taxa básica em 2,25% voltaram hoje a ser levemente majoritárias. Porém, tal risco não se confirmou e as taxas devolveram prêmios na estendida.

Além disso, a notícia divulgada pelo <b>Broadcast</b> de que a Casa Civil queria consultar o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a possibilidade de custear investimentos com créditos que não sejam contabilizados na regra do teto dos gastos trouxe desconforto. Diante da repercussão negativa, no entanto, os ministros do TCU afirmaram que querem ouvir o ministro da Economia, Paulo Guedes, e a consulta poderá nem mais ser realizada. "O mercado é bem sensível a notícias da área fiscal e não esquece que esse tipo de proposta foi a raiz de vários dos nossos problemas, incluindo a perda do grau de investimento na nota de classificação de risco", afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Apesar do modo "risk on" nos mercados internacionais, celebrando o acordo para o pacote bilionário na União Europeia, o desenho da curva local foi determinado por fatores domésticos e descolou totalmente do comportamento do câmbio, num dia em que o dólar chegou a operar na casa dos R$ 5,16 nas mínimas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a regular em 3,00%, de 2,922% ontem no ajuste, mas perto das 17h45 estava em 2,96%. A do DI para janeiro de 2023 subiu de 4,013% para 4,07% na regular e a do DI para janeiro de 2027 fechou a regular em 6,32%, de 6,313% ontem.

Na proposta entregue pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, hoje ao Senado, o principal ponto é a unificação do PIS/Cofins, que resultará num tributo com alíquota de 12% e receberá o nome de Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). A possibilidade de reoneração da cesta básica via CBS, com arrecadação destinada ao programa Renda Brasil, no entanto, não se confirmou. Nos cálculos do economista-chefe da CM Capital Markets, Alexandre Almeida, isso teria impacto de 1,05 ponto porcentual na inflação, "sobretudo componentes do grupo Alimentação e bebidas (em especial Carnes) no cenário em que as alíquotas retornem ao mesmo patamar de 2012".

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