Os juros fecharam a quarta-feira perto da estabilidade, com viés de alta na maioria dos contratos. Após as taxas alternarem os sinais negativo e positivo pela manhã, na segunda etapa a piora nos preços do petróleo e a redução da queda dos rendimentos dos Treasuries trouxeram um pouco de cautela aos agentes. Internamente, cena fiscal também recomendou uma postura mais defensiva em meio à questão dos reajustes ao funcionalismo público, nesta quarta-feira tema de reunião entre o ministro da Economia Paulo Guedes e o Planalto.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou com taxa de 13,065%, de 13,108% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2024 encerrou em 12,70%, de 12,682% na terça. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 12,03%, de 12,00% na véspera, e a do DI para janeiro de 2027 avançou de 11,705% para 11,72%.
A curva teve movimentação comedida ao longo do dia, diante das incertezas que pairam tanto no ambiente interno quanto externo e sem um catalisador claro para os negócios. A ponta curta reflete o compasso de espera por mais sinais sobre o quadro para a Selic no curto prazo, depois do salto do IPCA de março ter surpreendido o mercado e até o próprio Banco Central, segundo o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.
Os demais prazos da curva ficaram a mercê do cenário externo e nesta quarta a questão fiscal voltou a merecer a atenção. Lá fora, a inflação ao produtor nos EUA em março veio acima das previsões, consolidando a ideia de aceleração no ritmo de elevação do juros pelo Federal Reserve para 50 pontos-base em maio, mas, ao mesmo tempo, a China trouxe dados fracos de importação e há preocupação com os efeitos do lockdown em grandes cidades do país asiático.
O petróleo é outro vetor a ser acompanhado e hoje o dia foi de avanço, em meio à percepção sobre o conflito no leste europeu e indicadores mistos dos estoques. O gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cássio Andrade Xavier, destacou que as cotações vêm piorando diante da escalada da guerra na Ucrânia, o que traz desconforto para as expectativas nos preços no Brasil, em função da perspectiva de oferta pressionada. "Com isso, é natural que os juros voltassem a subir, ainda com o rendimento dos Treasuries caindo menos agora à tarde", afirmou.
No Brasil, a questão fiscal voltou ao radar, com o mercado de olho na reunião de Guedes no Planalto, para tentar resolver a fórmula do reajuste salarial dos servidores públicos, segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A principal hipótese ainda é oferecer um aumento de 5% para todo o funcionalismo, o que custaria R$ 6 bilhões.
O dinheiro viria de cortes na RP2, emendas de bancada de natureza discricionária – mais fáceis politicamente de "enxugar" do que as RP9, do Orçamento Secreto. "A questão é que as emendas têm caráter extraordinário. Já o aumento nos salários, é uma despesa permanente", explicou Xavier.