O clima negativo do exterior se espalha pelos juros futuros, que na quinta-feira, 22, passaram por leve correção, após quedas recentes. Os rendimentos dos títulos americanos e europeus recuam, após dados de atividade (PMIs) da Europa reforçarem o contexto de fraqueza econômica do continente.
A cautela externa deve-se ao entendimento de que, diante do desempenho menor do que o esperado dos PMIs, os bancos centrais podem reavaliar o ritmo de alta nos juros, apesar da resiliência da inflação.
Já no Brasil, há novo arrefecimento da inflação, o que eleva as apostas de queda próxima da Selic, e perspectivas otimistas com a reforma tributária. Na quinta, o relator da reforma tributária, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), disse que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), quer votar a reforma tributária no plenário da Câmara até 7 de julho.
"A queda aqui é mais por conta da reforma tributária, que está agradando. O debate está avançando e isso está sendo bem visto. Por isso, a curva inteira cai", diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
Já o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) caiu 0,24% na terceira quadrissemana de junho, após recuar 0,17% na leitura passada. Fica ainda no radar a entrevista que o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, concederá às 14 horas.
A maioria das estimativas em pesquisa feita ontem pelo Projeções Broadcast à luz do comunicado <i>dovish</i> do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira, aponta para começo da queda do juro básico em setembro.
Na quinta, ao ser questionado sobre o tom do Copom, o economista Gabriel Galípolo, indicado para a diretoria de Política Monetária do Banco Central (BC), se esquivou. À <i>BandNews</i>, afirmou que sua escolha para o BC simboliza o desejo de tentar construir uma ponte e permitir harmonia.
Na zona do euro, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto caiu a 50,3 em junho, após 52,8 em maio. Com isso, atingiu o menor nível em cinco meses.
Conforme a MCM Consultores, os PMIs do continente europeu vão ao encontro de um fraco desempenho econômico da zona do euro neste ano. "Essa expectativa reflete o aperto das condições financeiras e do enfraquecimento global da indústria, que prejudica as exportações de produtos industriais europeus", cita em nota a MCM Consultores. Segundo a consultoria, a estimativa é de que o PIB europeu crescerá apenas 0,6% neste ano, contra 3,5% em 2022.
Nesta semana, em depoimento no Congresso americano, o presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou que a instituição pretende retomar aumentos de juros antes do fim do ano. Na quinta, o Banco da Inglaterra (BoE) elevou seu juro básico em 50 pontos-base, surpreendendo vários analistas que previam um ajuste mais moderado, de 25 pontos-base. BCs da Suíça, Noruega e Turquia também anunciaram altas de juros, diante de pressões inflacionárias.
"A queda dos yields no exterior reflete a busca por segurança após dados fracos na Europa, depois dos aumentos de juros pelo BC da Inglaterra e outros, e após o presidente do Fed falar em novas rodadas de altas de juros", completa Laatus.
Às 9h49 desta sexta-feira, 23, o contrato de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2024 tinha taxa de 13,035%, após 13,069% do ajuste quinta. O DI para janeiro de 2025 exibia 11,05%, de 11,13%, na mesma base de comparação. O DI com vencimento em janeiro de 2027 tinha 10,43%, após 10,50% ontem.