Fevereiro começou com os juros futuros em queda firme na BM&FBovespa, tanto nos contratos de curto prazo quanto nos longos. A percepção de que a liquidez global continuará abundante por mais tempo, reforçada nesta segunda-feira, 1, após novos indicadores fracos de atividade na China, manteve o apetite dos investidores, principalmente estrangeiros, pelo risco, o que favoreceu o mercado de renda fixa doméstico.
Ao término da negociação regular, o DI julho de 2016, hoje o vencimento de curtíssimo prazo de maior liquidez, tinha taxa de 14,285%, ante 14,345% do ajuste anterior. O DI janeiro de 2017 terminou em 14,400%, de 14,520% no ajuste da sexta-feira. O DI janeiro de 2021 fechou em 15,62%, de 15,94%.
O vetor principal a embalar os negócios desde cedo foi o índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) industrial da China, que recuou para 49,4 em janeiro, de 49,7 em dezembro, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas. Este é o sexto mês de contração e o menor patamar desde agosto de 2012. Ao mesmo tempo em que traz preocupação sobre um possível “pouso forçado” da economia do país, o número endossa o discurso do Banco Central trazido pela ata do Copom sobre as incertezas da economia global e seu potencial desinflacionário para o Brasil.
Isso acaba reforçando a percepção de que a Selic será mantida por longo período nos 14,25%, não somente enfraquecendo as apostas de que o próximo ciclo monetário será de apertom mas alimentando também a ideia de que haverá espaço para corte de juros. Por outro lado, até o momento, o quadro para as expectativas de inflação só piora. Hoje a pesquisa Focus mostrou nova deterioração na mediana das previsões para o IPCA, cada vez mais distantes da meta de inflação de 4,5%. A mediana para 2016 subiu de 7,23% para 7,26% e a de 2017, de 5,65% para 5,80%.
Ao longo da semana, porém, o sangue frio do mercado será testado pela volta dos parlamentares após o recesso do Congresso. O retorno deve resgatar a tensão com o quadro político, uma vez que será retomado o debate sobre o processo de impeachment da presidente Dilma e também o possível afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), acusado de manter contas irregulares no exterior.