Os juros futuros recuaram na maior parte da curva no pregão desta segunda-feira, 15, acompanhando a forte baixa do dólar, enquanto investidores aguardavam a apresentação do relatório do deputado Cláudio Cajado (PP-BA) sobre a proposta de novo arcabouço fiscal. Embora o texto não tenha sido divulgado até o fechamento do mercado, prevaleceu entre os agentes o otimismo com o endurecimento da regra, o que favoreceu o fechamento da curva.
Como resultado, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2029 caiu 18,5 pontos-base em relação ao ajuste anterior, de 11,605% para 11,420%. Também recuaram os DIs para janeiro de 2027 (11,294% para 11,150%) e janeiro de 2025 (11,713% para 11,670%). O DI para janeiro de 2024, único a encerrar o pregão em alta, subiu menos de 1 ponto-base, de 13,291% para 13,300%.
O movimento deu continuidade à tendência de achatamento da curva observada ao longo da semana passada. Ao fim do pregão, o spread entre as taxas dos DIs para janeiro de 2025 e janeiro de 2029, principal métrica de inclinação, era negativo em 25 pontos-base, ante -10,8 pontos no ajuste anterior. No ajuste de 31 de março, um dia após a divulgação da proposta de arcabouço, o spread era positivo em 50 pontos-base.
Os juros intermediários chegaram a operar com viés de alta na etapa da manhã, em linha com os rendimentos dos Treasuries, mas viraram para queda firme no início da tarde, acompanhando o recuo do dólar à vista abaixo da linha de R$ 4,90. A moeda americana à vista encerrou o pregão cotada em R$ 4,8882 (-0,71%), o menor valor no fechamento desde 7 de junho de 2022 (R$ 4,8742).
Declarações de Cajado após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também ajudaram a sustentar as quedas dos juros futuros na etapa vespertina. A jornalistas, o relator do arcabouço confirmou que o texto terá a previsão de acionamentos de gatilhos para garantir que o governo persiga as metas de resultado primário.
Pouco depois, o <i>Broadcast</i> confirmou relatos de outros veículos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concordou com a inclusão de gatilhos no arcabouço fiscal para brecar o avanço das despesas em caso de descumprimento das metas, o que acelerou o ritmo de queda dos juros futuros. Conforme a apuração, o mandatário pediu exceções à trava para a política de valorização do salário mínimo e para o Bolsa Família.
"No mercado, tem um consenso sobre o endurecimento do arcabouço, então os agentes estão posicionados para a inclusão de regras mais rígidas", afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. "Foi um dia de expectativas em torno do arcabouço aqui dentro, mas sem nenhum fato concreto. Então, quando a gente olha a cotação do dólar, isso favorece o fechamento da curva de juros."
O relatório Focus divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central mostrou poucas mudanças nas medianas do mercado para o IPCA de 2023 (6,02% para 6,03%) e 2024 (4,16% para 4,15%) – ambas ainda acima do centro das metas, de 3,25% e 3%, respectivamente. As estimativas intermediárias para 2025 e 2026 ficaram estáveis na comparação com a semana anterior, em 4,0%.