Estadão

Juros futuros têm viés de alta com valorização do dólar, antes de falas de BCs

As taxas dos contratos de depósito interfinanceiro (DI) têm viés de alta, na esteira da valorização do dólar, enquanto o recuo dos Treasuries limita o movimento. Os investidores monitoram o fórum do BCE, em Portugal, onde vários dirigentes de bancos centrais farão um debate, onde haverá um debate com vários presidentes de BCs, inclusive de Jerome Powell (Fed, o banco central norte-americano). O mercado ficará atento a sinais de política monetária no mundo, em meio a indicações de juros altos por mais tempo do que o imaginado, na tentativa de conter a inflação resiliente.

De acordo com o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, o aumento de juros em julho já está "decidido". "Não é uma indicação, está claro", ressaltou em entrevista à <i>Bloomberg</i>.

Tanto lá fora como no Brasil, a agenda é menos robusta hoje. Por aqui, vale acompanhar o Relatório Mensal da Dívida (14h30) relativo a maio. Há pouco, o Banco Central informou que as concessões dos bancos no crédito livre subiram 14,7% no mês passado ante o anterior.

Internamente, permanece a expectativa de início de queda da Selic em agosto após a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada ontem.

"Hoje a agenda está mais esvaziada e o impacto mais forte pós-Copom já ocorreu. Tinha ficado a divergência no mercado em relação ao comunicado do Copom na semana passada. Ontem, a ata trouxe mais informações, detalhes, com o mercado economistas, analistas mirando mais para a possibilidade de corte da Selic em agosto", avalia Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos.

Agora, o mercado vai ficar na expectativa do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e na decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), que sairão amanhã. Nas divulgações, os investidores esperam encontrar indícios mais claros sobre a condução da política monetária brasileira.

Segundo a MCM Consultores, caso o CMN mantenha inalteradas em 3% as metas de inflação para 2024 e 2025, ficará ainda mais reforçado o seu cenário para a política monetária nos próximos meses. A consultoria estima um corte inicial da Selic, de 0,25 ponto porcentual, no Copom de agosto, e reduções adicionais de 0,25 ponto em setembro, meio ponto em novembro e em dezembro.

Sueishi, da Manchester, lembra que rumores passados de aumento da meta de inflação elevou os dados correntes e as expectativas. "Se houver manutenção, pode ser extremamente positivo para ancorar as taxas implícitas de inflação e levar a turma que ainda não vê espaço de queda da Selic em agosto a mudar as projeções. Agora, se houver aumento da meta será preocupante", analisa.

Às 10h02, o DI com vencimento para janeiro de 2024 subia a 12,975% ante 12,963% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2025 exibia 10,98% (ante 10,95% no ajuste de terça) e o DI para janeiro de 2027 era negociado em 10,37% (ajuste: 10,31%). O dólar à vista subia 1,43%, a R$ 4,8676, após máxima intradia de R$ 4,8716.

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