Estadão

Juros invertem queda inicial e sobem com piora de humor em NY

Os juros futuros fecharam em alta nesta terça-feira. A queda firme vista pela manhã, alinhada à reação positiva dos mercados ao núcleo da inflação ao consumidor norte-americano abaixo do esperado, deu lugar à cautela à tarde, quando as taxas inverteram o sinal. A virada ocorreu na esteira da piora generalizada dos ativos, com o petróleo voltando a tocar as máximas e o dólar se fortalecendo, por sua vez atribuída a comentários da diretora do Federal Reserve, indicada à vice-presidência, Lael Brainard.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 13,10%, de 13,093% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,652% para 12,68%. O DI para janeiro de 2025 terminou 12,00%, de 11,97%, e a do DI para janeiro de 2027, em 11,705%, de 11,64%.

Após altas consecutivas nas taxas registradas desde a semana passada, o mercado aproveitou o dado da inflação nos Estados Unidos de manhã para reduzir parte dos prêmios na curva. O comportamento do núcleo, que subiu 0,3%, ante mediana das estimativas de 0,5%, deu alguma esperança de que a inflação por lá já estivesse perto do pico. Já o índice cheio subiu 1,2% na taxa mensal e 8,5% em termos anuais, maior nível desde 1981.

Foi a deixa para os juros caírem, mesmo com o petróleo em alta e oferta de NTN-B com DV01 (risco para o mercado) acima da operação da semana passada e também do esperado pelos agentes. À tarde, houve piora generalizada dos ativos, atribuída à fala de Brainard. Ela até chegou a considerar a desaceleração do núcleo "digna de nota", mas também disse que o Fed conduzirá um aperto "metódico, com uma série de altas" nos juros. Ainda, afirmou que a recuperação econômica deve se sustentar, mesmo com o aperto monetário. As bolsas pioraram, a curva dos Treasuries inclinou e o dólar ganhou fôlego, mas ainda fechou em baixa ante o real.

O diretor de Tesouraria do Banco Fator, Bruno Capusso, lembra que o petróleo acentuou os ganhos à tarde, para 7%, contribuindo para a piora dos mercados, especialmente a curva local. Ele destaca que os DIs vinham subindo bem desde a divulgação do IPCA de março acima do esperado, o que, junto com a avaliação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ontem, sobre o índice "colocou sombra nos prognósticos para a Selic". "O cenário de apenas mais uma alta de 100 pontos-base na taxa básica subiu no telhado", afirmou. Segundo ele, porém, essa expectativa não pode ainda ser descartada porque até a próxima reunião, no dia 4 de maio, "tem chão". "O BC tem quase um mês para avaliar", disse, citando ainda que o comportamento benigno do câmbio pode começar a aparecer nos preços.

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