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Juros: IPCA-15 abaixo do consenso põe taxas em baixa e amplia apostas de corte da Selic

O IPCA-15 de maio melhor do que o esperado renovou o fôlego de queda dos juros futuros, animando as perspectivas do mercado sobre o ciclo de redução da Selic, uma vez também aprovado o texto do novo arcabouço na Câmara, que diminui a incerteza sobre o quadro fiscal. As apostas de que o processo de alívio monetário terá início no Copom de agosto cresceram e se tornaram majoritárias e a precificação da curva já aponta taxa básica em um dígito no fim de 2024. Declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, à GloboNews à tarde, reconhecendo a surpresa positiva da inflação, endossaram a devolução nos prêmios de risco. Embora o destaque hoje tenha sido a ponta curta, o fechamento das taxas foi generalizado, completando o terceiro dia consecutivo de baixa.

Com giro explosivo de quase 2 milhões, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,185%, de 13,268% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,62% para 11,47%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 11,02%, de 11,13% ontem, e o DI para janeiro de 2029, com taxa de 11,36%, de 11,44%.

Com o IPCA-15 de maio divulgado no início da sessão, as taxas cediam já na largada dos negócios e o recuo foi ganhando corpo ao longo do dia, na medida em que os analistas se aprofundavam sobre os preços de abertura, com destaque para a desaceleração da inflação subjacente, núcleos e serviços. Ao contrário da aceleração prevista, para 0,65%, segundo a mediana da pesquisa do Projeções Broadcast, o IPCA-15 arrefeceu para 0,51%, ante 0,57% em abril. Em 12 meses, desacelerou de 4,16% para 4,07%. Além do índice cheio ficar perto do piso das estimativas, que iam de 0,48% a 0,72%.

"Não foi só pelo headline, mas a composição como um todo. No desagregado, o que foi ruim era já esperado e que foi bom superou as expectativas", afirmou Rafael Rondinelli, economista do Banco Modal, citando como exemplo para cada um desses casos os segmentos de Alimentos & Bebidas e Transporte, respectivamente.

A leitura dos analistas é de que a inflação, após a pressão de abril, retomou o ritmo de desaceleração, que deve prosseguir no IPCA de maio em junho com a entrada dos efeitos dos reajustes em baixa nos preços da Petrobras anunciados no dia 16, que devem compensar a nova alíquota "ad rem" do ICMS, que passará a valer a partir do próximo dia 1º.

À GloboNews, Campos Neto reconheceu que o índice veio de fato melhor, com uma grande surpresa em vestuário e núcleos um pouco melhores. "A inflação tem melhorado em um ritmo lento", ponderou. O presidente da autarquia afirmou, porém, que apesar da desinflação mais lenta há sinais positivos à frente. Citou a parte hídrica, com melhora no cenário de energia, e os alimentos, com queda das commodities no atacado, que em breve deve chegar ao varejo, além do crescimento global em desaceleração.

Exaltou ainda a votação do arcabouço fiscal na Câmara, classificando como "estrondosa", e destacou que ao longo do "processo" os juros longos já caíram "bastante". "Taxa de juros longas já caíram bastante, quase 2% nos últimos meses."

Questionado sobre se, no atual contexto, a queda da taxa Selic era uma questão de quando, Campos Neto desconversou e repetiu que é apenas um voto de nove no colegiado. De todo modo, na curva do DI, os 17 pontos-base de queda precificados para o Copom de agosto representam 68% de probabilidade de corte de 25 pontos na Selic ante 32% de chance de manutenção nos atuais 13,75%. Até ontem, o quadro estava dividido, com cerca de 50% de chance para cada lado. Para o fim de 2023, a projeção é de 12,23% e para o fim de 2024, de 9,88%.

O texto do arcabouço fiscal aprovado na Câmara e a surpresa positiva com a inflação pavimentaram o caminho para o Tesouro elevar fortemente a oferta de prefixados no leilão, após a bem sucedida oferta de NTN-B na terça-feira. Foram 19 milhões de LTN e 2,5 milhões de NTN-F absorvidos integralmente.

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