Os juros futuros terminaram a segunda-feira, 20, em queda, apesar da piora do câmbio e do avanço nos preços do petróleo, numa sessão marcada pela liquidez bastante fraca. Com os mercados fechados em Nova York, o contexto local deu o tom aos negócios, mas as oscilações, de modo geral, foram contidas, também pelo compasso de espera pela ata do Copom amanhã. O noticiário envolvendo a Petrobras chegou a puxar um pouco para cima as taxas na abertura. O pedido de demissão de José Mauro Coelho da presidência da estatal inicialmente trouxe volatilidade aos ativos, mas ao longo do dia o efeito foi superado com a leitura de que sua saída tende a controlar a pressão do governo sobre a companhia no curto prazo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou em 13,58%, de 13,553% no ajuste de sexta-feira. Normalmente o mais líquido, este DI girava hoje pouco mais de 240 mil contratos no fim da sessão regular ante média diária de 512.650 nos últimos 30 dias. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 12,465%, de 12,519%, e o DI para janeiro de 2027, com taxa de 12,38%, de 12,449%.
A considerar as notícias relacionadas à estatal desde sexta-feira, a sessão prometia ser de forte tensão. Apesar do reajuste da gasolina abaixo do esperado ser um fator favorável do ponto de vista da inflação e, logo, à continuidade do alívio nos prêmios da curva, a reação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente Jair Bolsonaro, com ameaças de abertura de CPI e taxação sobre exportações da companhia, durante o fim de semana, acirrava as preocupações sobre ingerência política. Com isso, o mercado de juros abriu corrigindo o movimento de queda anterior, com taxas em alta moderada, mas depois do pedido de demissão de Coelho os ânimos se acalmaram. As taxa passaram a oscilar perto dos ajustes, engatando queda no fim da primeira etapa.
"O dia foi muito fraco por causa do feriado nos EUA, mas com a saída de Coelho, que teve clara relação com a ofensiva de Lira, as coisas se acalmaram. Isso tira um pouco da pressão vinda do fim de semana monotemático em Petrobras, até que se decida o que vai fazer", afirmou a economista-chefe da MAG Investimentos Patricia Pereira. "Mas sabemos que isso é só até a página 2, a margem de manobra do governo é pequena em ano eleitoral", disse, citando outras fontes de pressão sobre o governo, como uma possível paralisação dos caminhoneiros. A categoria, segundo o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, vai ter que parar por falta de dinheiro para abastecer caminhões.
Até porque, mesmo após o pedido de demissão de Coelho, Lira manteve na agenda a reunião com líderes partidários para discutir a política de preços da empresa nesta segunda. "Não há o que comemorar nos fatos recentes envolvendo a Petrobras. Não há vencedores, nem vencidos", disse.
A falta de parâmetro imposta pelo feriado nos EUA, que afetou a liquidez, também serviu de argumento para aqueles que preferem esperar a divulgação da ata do Copom, amanhã, para montar posições. O mercado buscará no documento mais detalhes sobre o timing para fim do ciclo de aperto da Selic e o papel de 2024 no plano de voo do BC a partir de agora.