O viés de baixa dos rendimentos dos títulos norte-americanos guia os juros futuros locais nesta terça-feira, 20, em dia de redução de taxas de juros na China e de falas de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). A abertura ocorreu de forma mais lateralizada e também reflete a espera do mercado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e pelo início do debate sobre o novo arcabouço fiscal na CAE do Senado. Ao mesmo tempo, alta do dólar ante o real limita a queda dos juros futuros.
Na segunda-feira, 19, com a ausência dos mercados de Wall Street, que ficaram fechados por conta de feriado, o volume de negócios aqui foi baixíssimo e as taxas fecharam com viés de alta.
Ao mesmo tempo, ficam no radar o novo alívio da inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que tende a entrar como suporte de baixa às taxas. Na primeira prévia de junho, o indicador teve deflação de 1,78%, após ceder 1,50% em igual leitura.
Já as dúvidas ficais tendem a influenciar negativamente. Isso porque ainda não há previsão para a entrega do texto da reforma tributária. O relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), ainda discute os detalhes do relatório com governadores e representantes de setores econômicos. A intenção do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é pautar a votação na primeira semana de julho.
Os temores fiscais ainda ganham um ingrediente extra que é o crescimento dos valores pagos e a pagar em precatórios. A União fechou 2022 com R$ 141,8 bilhões a pagar nos próximos anos, um avanço de 41,4% em relação a 2021 e de 138,7% na comparação com 2018, antes de a regra de pagamento dos precatórios ser alterada. Os dados constam do Relatório Contábil do Tesouro Nacional que será divulgado hoje e foi antecipado ao <b>Estadão/Broadcast</b>.
Hoje é o primeiro dia de reunião do Copom e a expectativa de especialistas é que o Banco Central (BC) mantenha a Selic em 13,75% ao ano e sinalize amanhã que começará a cortar a taxa em agosto.
"A curva DI já se mostra bem ajustada para este cenário de queda, o que tende a proporcionar períodos de acomodação e ajuste nas taxas", estima o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, em nota.
As pressões para que o BC inicie um afrouxamento monetário continuam. Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, almoçou com o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Ao ser questionado sobre as projeções do mercado para corte da taxa Selic somente em agosto, o ministro afirmou que o nível já deveria ter baixado em março.
E o economista Gabriel Galípolo, indicado para assumir o cargo de diretor de política monetária do BC, foi exonerado da Secretaria-Executiva do Ministério da Fazenda. O presidente da República nomeou o advogado e ex-diretor da Meta Dario Carnevalli Durigan para assumir o posto de Galípolo.
Nesta terça, o Tesouro Nacional realiza leilão de venda de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B), de rentabilidade associada à variação do IPCA, e também de Letras Financeiras do Tesouro (LFT).
Às 9h28, o contrato de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2024 tinha 13,005%, na máxima, ante 13,017% no ajuste de segunda. O DI para janeiro de 2025 exibia 11,115%, após 11,133% na véspera no ajuste e o DI para janeiro de 2027 mostrava 10,51%. Igual ao ajuste ontem.