O mercado de juros passou por uma realização discreta de lucros nesta última sessão de novembro. Após caírem por quatro dias seguidos, as taxas tinham espaço para correção e fecharam em alta, mas devolvendo apenas uma pequena parte do prêmio descontado na semana passada. De um lado, alguns fatores recomendaram um pouco de recomposição, como a cautela no exterior que pesou sobre o câmbio. O retrocesso do Plano São Paulo da quarentena para a fase amarela também acabou dando combustível para o ajuste, com os investidores de olho nos riscos de postergação do pagamento do auxilio emergencial. Em contrapartida, o dia também teve boas notícias que ajudaram a limitar o impulso de alta, como a de que a Moderna pediu autorização das autoridades para uso emergencial de sua vacina na Europa e Estados Unidos e, aqui, o resultado do setor público consolidado melhor do que a mediana das estimativas.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 terminou a sessão regular e a estendida em 3,310%, de 3,275% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 4,936% para 5,00% (regular) e 5,01% (estendida). O DI para janeiro de 2025 encerrou a regular e a estendida em 6,77% e 6,78%, de 6,705% no ajuste de sexta, e o DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 7,55% (regular e estendida), de 7,494% no ajuste anterior.
Após a notícia de que os Estados Unidos anunciaram sanção a uma companhia chinesa por supostamente vender tecnologia para a Venezuela, no fim da manhã, o humor azedou. Pouco depois, o governador de São Paulo, João Doria, confirmava a expectativa de que, passado o segundo turno da eleição municipal, seriam retomadas algumas restrições de atividade no Estado. São Paulo estava na fase verde e voltou 100% para a fase amarela, com horários mais restrito para comércio e serviços. O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, lembra que a curva melhorou muito na última semana e hoje "está devolvendo um pouco". "A fase amarela pode ter pesado, pois aumenta discussão em torno do auxílio", disse.
O economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, disse que o anúncio não deve ter impacto significativo na recuperação econômica se for apenas pontual. Para Megale, que até quatro meses atrás fazia parte da equipe do ministro Paulo Guedes, o cenário de hoje não justifica a extensão do auxílio. "Só seria razoável manter o auxílio se estivesse claro que a pandemia voltou com força e os outros motores estivessem engripados", afirmou Megale.