Os juros futuros tiveram alívio no período da tarde desta quinta-feira, promovido por uma série de fatores, com destaque para o resultado do governo central perto do teto das estimativas, informação de fatiamento da reforma tributária e menor pressão dos Treasuries. As taxas de médio e longo prazo zeraram a alta para encerrar com viés de baixa, enquanto a ponta curta se manteve por toda a sessão perto dos ajustes de quarta-feira. Também na segunda etapa já não havia mais a influência do leilão do Tesouro, que ajudava a pressionar a curva pela manhã.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 4,61%, de 4,637% na quarta-feira no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 7,716% para 7,68%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 8,34%, de 8,374% na quarta. No exterior, o retorno da T-Note de dez anos, que mais cedo bateu em 1,67%, desceu a 1,64% no meio da tarde.
A alta das taxas intermediárias e longas, que rondava 10 pontos-base na etapa matutina, começou a perder força logo após o leilão de prefixados, que teve aumento da oferta de LTN (13,5 milhões para 19 milhões) e de NTN-F (500 mil para 800 mil) ante a semana passada.
Sem a pressão do Tesouro, houve espaço para repercussão positiva da agenda e noticiário, especialmente a dos dados do Governo Central de março. O superávit de R$ 2,1 bilhões foi o melhor número para o mês desde 2014, vindo perto do teto das estimativas que iam de déficit de R$ 26,2 bilhões a superávit de R$ 2,8 bilhões, com mediana negativa de R$ 5 bilhões. "O fiscal é o que mercado mais teme e tem surpreendido positivamente todo mês", diz um gestor.
Outras boas notícias do dia foram a informação do líder Governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), de que a reforma tributária será fatiada em quatro partes, e declarações otimistas em relação a fluxo de investimentos para o País dadas pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, a respeito dos leilões no setor.
Na leitura do mercado, a divisão da proposta tributária eleva as chances de aprovação, até porque a decisão teria sido tomada em consenso entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o ministro da Economia, Paulo Guedes, e lideranças dos partidos.
Nesse contexto, o investidor aproveitou a oportunidade para aplicar diante dos prêmios robustos da curva, mas também sem grandes posições, já que as incertezas persistem. A CPI da Covid se mantém como a nuvem negra em cima do governo e o dia ainda talvez reserve o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em torno da retirada do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins, que pode resultar em prejuízo de centenas de bilhões para os cofres públicos.