As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam o pregão em queda, depois de passarem boa parte do dia em alta. Os comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, apontando queda, ainda que lenta, da inflação de serviços e enfatizando a necessidade de mais clareza no ajuste fiscal, associados ao anúncio de medidas do governo para aumentar a arrecadação, ajudaram as taxas a devolver os ganhos.
Segundo Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, os juros operavam em alta no início do dia ainda refletindo dois eventos de sexta-feira: a leitura acima do previsto do IPCA-15 e os comentários feitos por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve. Powell disse que os juros americanos ainda poderiam subir, se fosse necessário, mas sinalizou que a instituição será mais cautelosa em suas próximas decisões sobre o tema.
No decorrer do pregão, no entanto, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a comentar a política monetária com falas que deixaram o mercado mais dividido.
Por um lado, ele enfatizou que a instituição está de olho na inflação de serviços – que teve um resultado positivo no IPCA-15 de agosto e, portanto, ajudaria a reforçar o movimento de queda dos juros. Por outro, voltou a mencionar a importância do ajuste nas contas públicas para a diminuição dos juros e as dúvidas do mercado em torno da capacidade do governo para reduzir o déficit primário.
Na última hora do pregão, as taxas de DIs perderam força e passaram a cair, principalmente no miolo e na parte mais longa da curva. O movimento foi exacerbado pelo anúncio de medidas do governo para aumentar a arrecadação – o que, em tese, dá mais clareza sobre o quadro fiscal. Na lista estão o projeto de lei para tributar offshores e a medida provisória para a tributação de fundos exclusivos.
Segundo Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, o movimento de queda dos juros foi resultado da realização de lucros. Ele considera que os comentários de Campos Neto podem ter contribuído para este movimento, ao reforçarem o sinal de que dificilmente a queda nos juros brasileiros vai acelerar antes de haver clareza a respeito das medidas adotadas para diminuir o rombo fiscal.
Richetti, porém, ressalta que o recuo das taxas é de baixa magnitude. "Não há movimento, tanto no Brasil quanto lá fora, de muita volatilidade. Temos lateralidade."
Essa falta de direção pode ser rompida na sexta-feira, dia em que serão publicados os dados do Produto Interno Bruto do Brasil referentes ao segundo trimestre e a respeito do mercado de trabalho dos Estados Unidos em agosto.
A taxa do contrato de DI para janeiro de 2024 subiu a 12,410%, de 12,405% no ajuste de sexta-feira, enquanto a taxa para janeiro de 2025 avançou a 10,525%, de 10,505%, e a taxa para janeiro de 2026 teve alta a 10,070%, de 10,060%. A taxa para janeiro de 2027 caiu a 10,210%, de 10,232%, enquanto a taxa para janeiro de 2029 recuou a 10,680%, de 10,723%.