Estadão

Juros: Taxas caem com alívio dos Treasuries, câmbio e fala de Powell

Os juros futuros terminaram a quarta-feira, 15, em queda, que começou ainda pela manhã com o alívio dos Treasuries e do câmbio e se consolidou à tarde. O Fed confirmou o consenso e subiu a taxa dos fed funds em 75 pontos-base, mas foi a entrevista do presidente da instituição, Jerome Powell, que animou os ativos no fim do dia, ao citar a possibilidade de reduzir o ritmo de aperto no encontro de julho. Antes do Fed, as taxas já apresentavam baixa expressiva, em movimento de correção após tocarem ontem o pico em seis anos. Esse clima de ajuste de eventuais exageros marcou a espera pelo desfecho do Copom, com o mercado bem posicionado para uma alta de 0,5 ponto porcentual na Selic logo mais.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,600%, de 13,698% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 13,668% para 13,435%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 12,67%, de 13,01% ontem no ajuste.

O ajuste em baixa perdeu um pouco de força após o comunicado da decisão do Federal Reserve. "O Fed subiu os juros em 75 pontos e fez uma revisão bem negativa do cenário", comentou a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, no Twitter.

Na sequencia, porém, Powell deu a senha para a melhora do apetite pelo risco, com Treasuries e dólar aprofundando as quedas, e juros aqui acompanhando para fecharem nas mínimas. A taxa da T-Note de dez anos, que ontem se aproximou do 3,5%, voltou a 3,32%, e o dólar fechou em R$ 5,0260.

Powell admitiu que mudança de planos – a ideia inicial era subir os juros em 50 pontos – se deu em função da inflação acima da esperada em maio, mas que a alta de 75 pontos, é "incomumente alta" e que não espera que essa intensidade "se torne comum". Deixou, contudo, a porta aberta para mais uma elevação de 75 pontos.

Para Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, o Fed "elevou o juro em 75 pontos, sem querer elevar em 75". "Foi um resposta a uma inflação que veio muito forte, acima das expectativas", disse, explicando que se a autoridade monetária não desse tal resposta poderia gerar um cenário negativo no longo prazo. "Fed poderia ter assustado com uma postura mais pesada, mas não assustou. Continua dovish", avaliou.

Com o alívio nos prêmios, na precificação de Selic na curva, a probabilidade de aumento de 0,5 ponto na reunião de hoje subiu de 70% ontem para 80%, enquanto a de 0,75 caiu de 30% para 20%. Para o Copom de agosto, os 50 pontos precificados ontem hoje caíram para 42 pontos, ou seja 70% de chance de 0,5 ponto contra 30% de probabilidade de 0,25. Para o fim de 2022, a curva indica Selic entre 13,75% e 14%, ante 14,00% e 14,25% ontem.

O Banco Original prevê que o Copom colocará a taxa hoje em 13,25% e deixará em aberto os próximos passos no comunicado. "Há uma dicotomia entre as altas já entregues pela autoridade monetária e a falta de sinais claros de arrefecimento da inflação corrente atrelada aos riscos que seguem à frente, como a defasagem dos combustíveis domésticos em relação aos internacionais", avaliam os economistas Marco Caruso e Eduardo Vilarim.

O retorno do dólar para perto de R$ 5 e o petróleo se afastando dos US$ 120 dão uma trégua aos temores de aumento iminente dos preços pela Petrobras, com o governo ainda atuando nos bastidores para evitar o aumento. Em Brasília, a Câmara encerrou votação dos destaques ao projeto de lei que fixa o teto de 17% para o ICMS sobre bens essenciais sem alterações no texto-base que, vai agora para sanção presidencial. A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado estimou que o projeto pode reduzir a inflação em até 2,8 pontos porcentuais em 2022. Por outro lado, a recomposição das alíquotas da Cide e do PIS/Cofins em 2023 sobre a gasolina e o etanol aumentaria a inflação em até 1 ponto.

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