Os juros futuros deram sequência ao movimento de ontem, ainda devolvendo prêmios a partir da expectativa em torno da PEC da Transição, aprovada em segundo turno pela Câmara só no fim da tarde. A confirmação de redução do prazo de dois para um ano, na aprovação em primeiro turno, e a percepção de que a "novela" se aproxima do fim estimularam o ajuste em baixa num dia em que o exterior também ajudou. Os retornos dos Treasuries caíram, assim como o dólar ante moedas emergentes, incluindo o real.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,75%, de 13,80% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 13,34% para 13,25%. A do DI para janeiro de 2027 terminou em 13,10%, de 13,18% ontem.
Nesses níveis, os vértices intermediários e longos encerraram no piso desde 9 de dezembro, enquanto o DI para janeiro de 2024 fechou no patamar mais baixo em mais de um mês, mais precisamente desde 14 de novembro.
As taxas estiveram em baixa desde manhã, mas o ritmo oscilou conforme o noticiário de Brasília. Com a redução do prazo da PEC em certa medida precificada ao longo da sessão de ontem, o mercado criou expectativa em torno do destaque apresentado pelo Partido Novo, que pretendia manter a constitucionalidade da âncora fiscal, motivo pelo qual a sessão da Câmara nesta terça-feira foi encerrada antes da apreciação em segundo turno. "Se a âncora estivesse dentro da PEC, forçaria um rito de negociação mais amplo, abrangente, com maior segurança do que por lei complementar", disse o economista da MAG Investimentos Felipe Rodrigo de Oliveira.
Cassio Andrade Xavier, gestor de renda fixa da Sicredi Asset, afirma que a curva vinha muito pressionada pela percepção negativa de que "qualquer coisa" em termos de ameaça fiscal poderia passar no Congresso, "mas parece que não será bem assim". "A PEC não é boa, mas estamos nos distanciando do que se esperava inicialmente em termos de impacto fiscal", disse.
A PEC amplia o teto de gastos em R$ 145 bilhões para acomodar despesas com o Bolsa Família e permite R$ 23 bilhões em despesas fora da regra fiscal para investimentos, por um ano. Permite ainda outras exceções ao teto, que elevam o impacto fiscal a R$ 193,7 bilhões, segundo cálculos do Tesouro Nacional. No fim da tarde, o texto foi aprovado em segundo turno pela Câmara e terá de ser apreciado novamente pelo Senado.