Estadão

Juros: Taxas ficam de lado com mercado à espera do Copom, apesar da agenda cheia

Os juros futuros terminaram a sessão perto dos ajustes de ontem e com viés de alta, comportamento que marcou a curva de juros durante todo o dia, mesmo com a agenda cheia no Brasil e no exterior. Mais uma vez, o mercado preferiu evitar a montagem de posições dada a proximidade da reunião do Copom na quarta-feira (2). No balanço da semana, a curva ganhou inclinação, com as taxas curtas e intermediárias acumulando queda e as longas ficando perto da estabilidade ante os níveis da sexta-feira passada.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 era de 12,610%, de 12,590% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 projetava 10,64%, de 10,60%. A taxa do DI para janeiro de 2027 mostrava 10,23%, de 10,20%, e a do DI para janeiro de 2029, passava de 10,61% para 10,63%.

Entre os indicadores econômicos que saíram pela manhã, o destaque foi a taxa de desemprego da Pnad Contínua, que, mesmo caindo a 8%, no piso das estimativas, não teve força para mexer com os preços. Mais cedo, já havia saído a deflação do IGP-M de 0,72%, pouco menor do que indicava a mediana de -0,74% na pesquisa do Projeções Broadcast.

Na segunda etapa dos negócios, a DBRS anunciou elevação da nota de crédito do Brasil de BB (low) para BB, com tendência estável e a ponta longa ensaiou recuo mais firme, mas de forma pontual. Mais tarde, foi a vez da Austin Rating informar que a melhorou a perspectiva do rating do País (BB+) em moeda local, de estável para positiva.

"Acredito que o mercado precificou todas as notícias positivas ao longo dos últimos meses, como a desaceleração da inflação e o novo arcabouço fiscal. Agora, às vésperas do Copom, o investidor está em compasso de espera para verificar se as expectativas irão se materializar no aguardado corte de juros", resumiu a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, acrescentando que a curva tem tido uma resistência no nível de 10%.

Dada a rigidez das taxas, não houve alteração relevante na precificação da Selic na curva, com a aposta de corte de 0,5 ponto para a reunião de agosto ainda aparecendo como majoritária, entre 70% e 75% nos DIs, como também prevalece nas opções digitais, em relação à expectativa de queda de 0,25 ponto.

Com a consolidação da expectativa de corte de 0,5 ponto nas mesas de renda fixa, a curva de juros ganhou inclinação na semana. "O upgrade da nota soberana pela Fitch e a surpresa favorável da inflação, tanto com o IPCA-15 cheio quanto nos preços de abertura, indicam otimismo. Este último em especial promovendo aumento do posicionamento do mercado para um corte de 0,50 ponto da Selic no Copom da próxima semana", afirma o Banco Santander, em relatório assinado pela economista Ana Paula Vescovi.

No exterior, os yields dos Treasuries estiveram em baixa, após a desaceleração do índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês) em junho em linha com o esperado reforçar a percepção de pausa no ciclo de alta de juros nos Estados Unidos. A taxa da T-Note de 10 anos voltou a ficar abaixo de 4%.

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