Os juros futuros terminaram a sessão regular perto da estabilidade, após oscilarem ora em leve alta ora em leve queda durante o dia, sempre perto dos ajustes de ontem. Destaque da agenda desta terça-feira, 21, a ata do Copom reforçou a sinalização do comunicado sobre o plano de voo do Banco Central, de que a Selic precisa subir mais e permanecer estável por período prolongado para trazer a inflação de 2023 "ao redor" da meta de 3,25%, mas sem grande impacto na curva.
O noticiário sobre a Petrobras continuou no radar dos investidores, porém com efeito maior na Bolsa do que na renda fixa, ao menos enquanto não houver algo mais concreto sobre eventual intervenção nos preços de combustíveis.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou a etapa regular em 13,565%, de 13,583% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 ficou estável em 13,19%. A do DI para janeiro de 2025, também estável, encerrou em 12,46%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,395%, de 12,379%.
"A ata foi o fato do dia, mas a curva não reagiu porque a mensagem já estava no preço. Poderia abrir se o Copom indicasse altas mais fortes do que trouxe o comunicado, ou fechar se sinalizasse claramente o fim do ciclo, mas não", disse a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.
Na ata, os diretores indicaram que terão de elevar a Selic além dos atuais 13,25% para trazer a projeção de inflação de 2023, atualmente em 4%, para "ao redor" da meta de 3,25%, tarefa que ainda demandaria juros em território contracionista por um período mais prolongado. A questão é saber o quanto mais a taxa teria de subir, e por quanto tempo, para que o objetivo seja alcançado.
Boa parte do mercado continua trabalhando com a ideia já deixada pelo comunicado de uma última elevação, de 0,5 ponto na reunião de agosto, com Selic terminal de 13,75%, que é o cenário de 35 entre 44 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast após a divulgação da ata.
Também esta é a expectativa da Área de Estratégia da Renascença DTVM. "Apesar de, no cenário atual, isso ser insuficiente para levar a inflação de 2023 para a meta de 3,25%, a busca de tal objetivo envolveria uma taxa Selic em patamar muito mais elevado, o que, inevitavelmente, geraria uma forte recessão", avalia o estrategista-chefe Sérgio Goldenstein.
Com o recado da ata já relativamente embutido nos DIs, o mercado aguarda agora o que vai acontecer com os preços de combustíveis. A mobilização continua intensa em Brasília. Se a criação da CPI da Petrobras vai perdendo força, por outro lado cresce a movimentação para mudança na lei das estatais por Medida Provisória (MP), o que pode abrir espaço para nomeações políticas na estatal, como forma mais célere, ainda que indireta, de alterar a atual política de preços. "A CPI está desacreditada e quanto à lei das estatais é necessário que haja algo mais concreto ou novo para fazer preço na curva, ou mesmo mais medidas para segurar preço (de combustível)", disse Veronese.
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