Os juros futuros fecharam praticamente estáveis, com as taxas rondando os ajustes anteriores durante toda a sessão, sem impulso para se firmar em alta ou em baixa. Num dia sem destaques no calendário econômico ou no noticiário, o investidor preferiu evitar posições mais direcionais antes do desenrolar da agenda da semana, repleta de decisões de política monetária e indicadores de inflação, com destaque para o Copom na quarta-feira. A expectativa pela definição da pauta fiscal em Brasília também ajudou a travar os negócios.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou a 10,320%, de 10,339% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passou de 10,00% para 9,98%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,09% (10,10% no ajuste) e a do DI para janeiro de 2029 fechou estável em 10,54%.
O compasso de espera pelos eventos dos próximos dias resultou em volume fraco no mercado de juros, como mostra o DI para janeiro de 2025, hoje o mais líquido, com apenas 433.235 contratos. Na média diária dos últimos 30 dias, esse DI girou 1,071 milhão de contratos. A semana contempla, além das reuniões do Copom e do Federal Reserve na quarta-feira, IPCA e inflação ao consumidor dos EUA amanhã e a decisão do Banco Central Europeu (BCE) na quinta, 14.
As taxas curtas percorreram a sessão mostrando viés de baixa, atribuído à expectativa de que o comunicado do Copom tenha um tom suave, não necessariamente indicando aceleração do ritmo de queda da Selic. Um reconhecimento do caráter benigno da inflação nas últimas divulgações e a melhora do cenário externo são exemplo de elementos que podem ser interpretados como dovish pelo mercado, afirma o economista-chefe do banco BmG, Flávio Serrano.
O consenso tanto nas mesas de operação quanto nos Departamentos Econômicos é de que o Copom deve seguir o foward guidance com quedas de 0,50 ponto da Selic na reunião da quarta-feira e também em janeiro. Na curva, segundo Serrano, a precificação apontava nesta tarde Selic terminal em 9,65%.
O Santander considera que o ritmo de 0,50 ponto para as próximas reuniões é "apropriado dadas as circunstâncias locais e externas". "À medida que o ciclo de flexibilização evolui, acreditamos que o risco de um ritmo mais acelerado de cortes fica cada vez menos provável", afirma a equipe de Macroeconomia liderada por Ana Paula Vescovi, que vê Selic terminal em 9,50%, em julho.
Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, lembra que o Copom sinalizou que uma aceleração dos cortes dependeria de avanços significativos em três frentes: ancoragem de expectativas de inflação, comportamento da inflação de serviços e grau de ociosidade da economia. "A rigor, houve apenas melhoria na parte da inflação de serviços", diz.
Nesse sentido, o IPCA de novembro, amanhã, pode dar algum fôlego dovish às apostas do mercado às vésperas do Copom. A mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast é de 0,29%, ante 0,24% em outubro.
O mercado de Treasuries hoje não serviu muito de parâmetro para a curva local. Os yields desaceleraram a alta após leilões do Tesouro americano, mas as taxas por aqui seguiram rondando os ajustes anteriores. No fim da tarde, o retorno da T-Note de 10 anos estava em 4,24%.
O cenário fiscal é monitorado com atenção, dada a urgência da definição das propostas de arrecadação que estão no Congresso e que são cruciais para que o arcabouço fiscal se mantenha em pé. O êxito do governo na aprovação dos projetos, especialmente o da subvenção do ICMS, considerado o mais importante, pode esfriar por ora os temores de alteração da meta fiscal para evitar os contingenciamentos indesejados pelo presidente Lula.
O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, negou hoje categoricamente haver discussão de revisão da meta dentro do governo. Disse que, se preciso, o governo vai avaliar a viabilidade de medidas adicionais para entregar a meta, mas assegurou que flexibilizar o objetivo não está em questão.