Economia

Juros: taxas longas fecham em alta, alinhadas ao dólar, exterior e clima político

Os juros futuros de longo prazo desaceleraram a alta ao término da sessão regular, em linha com a perda da força do avanço do dólar ante o real, mas ainda fecharam com sinal positivo. As taxas passaram o dia alinhadas ao comportamento do câmbio, ao aumento da expectativa em torno do aperto monetário nos EUA e ao clima pesado que antecede a votação final do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, amanhã, no Senado. O leilão de NTN-B, com oferta de mais de 2 milhões de títulos, realizado pelo Tesouro, também contribuiu para a trajetória ascendente. Os contratos de curto prazo, por sua vez, fecharam perto dos ajustes anteriores, na ausência de indicadores ou notícias que pudessem alterar a percepção para a política monetária de curto prazo.

Ao final da etapa regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 projetava 14,015%, de 14,020% no ajuste de ontem, com 156.105 contratos. O DI janeiro de 2018 (141.610 contratos) fechou na mínima de 12,77%, de 12,79% no ajuste anterior. O DI janeiro de 2019 (127.270 contratos) terminou em 12,28%, de 12,26% no último ajuste. O DI janeiro de 2021 (170.095 contratos) subiu de 12,09% para 12,17%.

“Hoje não tem motivos para fechamento de taxas. Temos o dólar muito pressionado ante as moedas emergentes, com o discurso do Fischer botando pressão em cima do payroll que sai na sexta-feira. Isso num momento em que, no Brasil, estamos em pleno julgamento do processo de impeachment, em meio aos sinais de placar apertado na votação”, resumiu a gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimentos, Patricia Pereira.

Levantamento realizado pelo Grupo Estado mostra que os votos a favor do impeachment estão em 52 e os votos contra subiram para 20, sendo que 9 senadores não declararam seu voto. Para a aprovação do impeachment, são necessários 54 votos.

No câmbio, o dólar esteve pressionado desde a manhã ante as emergentes incluindo o real, depois da divulgação do índice de confiança do consumidor dos EUA medido pelo Conference Board, que subiu a 101,1 em agosto, após recuar a 96,7 em julho na leitura revisada. O número amplificou o impacto das novas declarações do vice-presidente do Federal Reserve, Stanley Fischer, à emissora de televisão da Bloomberg, segundo as quais o ritmo da elevação dos juros pelo banco central americano dependerá inteiramente do desempenho da economia. Perto do fechamento da sessão regular, o dólar à vista era negociado em alta de 0,23%, a R$ 3,2422, mas chegou a romper os R$ 3,26 nas máximas.

Nesta tarde, o Tesouro Nacional informou que o déficit do Governo Central em julho ficou em R$ 18,551 bilhões, valor pouco menos negativo do que apontava a mediana das expectativas coletadas pelo Projeções Broadcast (-R$ 20,000 bilhões).

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