Estadão

Juros: taxas recuam com melhora do apetite ao risco e queda do dólar

Os juros futuros fecharam a sessão em baixa, diante da melhora de apetite ao risco global traduzida nos mercados de moedas e ações emergentes, além das commodities. O dólar em queda generalizada foi determinante para o recuo das taxas futuras.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,545%, de 10,605% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2026 caía de 11,15% para 11,10%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 11,47% (de 11,52%) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 11,86%, de 11,93%.

O sinal de baixa nas taxas predominou durante toda a sessão, com os principais contratos marcando máximas ao redor da estabilidade ainda na primeira hora de negócios, na esteira da divulgação da pesquisa Focus. Ao longo do dia, o câmbio foi melhorando e abrindo oportunidades para a redução de prêmios de risco. "É a menor aversão ao risco global prevalecendo, com os investidores estrangeiros vendo oportunidades nos mercados emergentes", disse o estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, destacando ainda que o fim de semana não trouxe novidades no campo geopolítico que pudessem estressar os ativos.

Não por acaso, os DIs retomavam as mínimas quando o dólar voltava a operar abaixo de R$ 5,40. No fechamento, a moeda à vista era cotada em R$ 5,3904. Os movimentos do dólar, que normalmente pressionam mais os vencimentos longos da curva, ultimamente também têm conseguido influenciar a ponta curta, dadas as preocupações com a persistência das cotações acima de R$ 5,40. A manutenção da taxa de câmbio naquele patamar por um período prolongado começa a tomar contornos de risco para a inflação.

Ao longo da semana, o calendário de eventos e indicadores tende a ser um teste tanto para o fôlego de queda das taxas. A começar da ata do Copom, amanhã, que será esmiuçada para entender se o ciclo de queda da Selic terminou ou se é uma pausa, como sinaliza o termo "interromper" usado pelos diretores no comunicado. Na quarta-feira, tem o IPCA-15 de junho, para o qual a mediana apurada na pesquisa do Projeções Broadcast indica 0,43%, ante 0,44% em maio. E, por fim, na quinta tem o Relatório de Inflação (RI) e a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN). No exterior, só tem destaque na sexta-feira, com o índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês) de maio.

Na leitura dos agentes, uma redução para valer dos prêmios de risco esbarra na percepção de risco fiscal, enquanto a prometida agenda de revisão de gastos não for colocada em prática. "Essa agenda precisa andar para alterar a visão sobre a estratégia do governo de aumentar gastos para depois buscar receitas. É equivocada, pois a carga tributária já é muito alta", afirma Rostagno. Enquanto isso não for encaminhado, acrescenta, a tendência é de manutenção de prêmios robustos.

No Focus, a decisão do Copom de interromper o ciclo de queda da Selic não conseguiu evitar mais uma piora nas expectativas de inflação. O IPCA esperado para 2024 subiu de 3,96% para 3,98% e para 2025, de 3,80% para 3,85%. Nas estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, as medianas avançaram ainda mais, para 4,01% e 3,86%, respectivamente. Para 2026, a projeção seguiu em 3,60%. Não houve alteração nas medianas para a Selic, que permaneceram em 10,50% no fim de 2024, 9,50% no fim de 2025 e em 9,00% no fim de 2026.

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