Estadão

Juros: Taxas recuam com menor tensão fiscal e dados da China pró-emergentes

Os juros futuros fecharam em baixa nesta terça, 17, devolvendo parte da alta registrada nesta segunda, 16, dada a menor tensão com o cenário fiscal e a melhora do apetite ao risco por ativos emergentes que favoreceu boa parte das moedas como o real. De Davos, a sinalização para a área fiscal emitida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi bem recebida, embora sem empolgação, enquanto os dados do PIB da China animaram os investidores.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2024 fechou em 13,47%, de 13,55% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,65% para 12,51%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 12,37% (12,48% ontem) e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 12,49% (12,58% ontem).

As preocupações com um possível aumento do salário mínimo acima de R$ 1.320, que ontem pressionaram a curva para cima, hoje foram colocadas em stand by, com a percepção de que a posição contrária de Haddad possa prevalecer. De todo modo, os agentes monitoraram a reunião que o presidente Lula teria nesta tarde com Central Única dos Trabalhadores (CUT) para discutir o aumento e a nova política de reajuste do mínimo. As centrais propõem elevação dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.340.

No Fórum Econômico de Davos, além de reiterar que o governo tentará votar a reforma tributária no primeiro semestre e zerar o déficit até o ano que vem, Haddad prometeu apresentar uma proposta de novo arcabouço fiscal no máximo até o mês de abril. Para tanto, o governo terá o suporte técnico do Fundo Monetário Internacional (FMI). "O FMI colocou a sua equipe técnica à disposição do Brasil para que conheça todas as regras em vigor, as que estão dando mais certo e menos certo para a gente se prevenir e levar ao Congresso a mais crível e sustentável âncora fiscal", disse. Entre investidores e empresários que participam do evento, as declarações agradaram, embora estes players queiram mais detalhes sobre a nova regra, conforme apurou a enviada especial Aline Bronzati.

Segundo um gestor, os investidores estrangeiros estão bem mais animados do que os locais em relação aos ativos brasileiros, que seguem com uma postura relativamente defensiva. "O mercado está bem dividido, com local bear e gringo bull ", disse. Para ele, o plano de ajuste fiscal anunciado "é fraco" e "otimista demais" com a perspectiva de receitas.

O operador de renda fixa da Mirae Asset Paulo Nepomuceno afirma que as incertezas para o curtíssimo prazo agora estão menores na parte fiscal, embora nem tanto para a inflação, com as expectativas acima do centro da meta. "E ainda temos o ruído em torno das trocas no BC. Agora já sai o Bruno Serra (diretor de Política Monetária) e daqui a dois anos, o Campos Neto", lembrou.

A desinclinação da curva de juros – os DIs longos cederam mais que os curtos – também contou com a influência do ambiente externo. Embora tenha tido forte desaceleração no crescimento anual em 2022, a 3%, ante 8,1% em 2021, o PIB do quarto trimestre subiu 2,9% em termos interanuais, bem acima do estimado (1,7%), o que animou as expectativas para a economia do país em 2023. Com isso, as commodities avançaram, trazendo consigo moedas emergentes como o real, com o dólar voltando a R$ 5,10. Além disso, segundo a Bloomberg, o Banco Central Europeu (BCE) estaria considerando reduzir o ritmo de aperto após a reunião de fevereiro.

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