Os juros futuros terminaram o dia em baixa moderada a partir dos vencimentos intermediários, numa dinâmica conduzida basicamente pelo ambiente externo, com a reunião de política monetária nos Estados Unidos no foco. A ponta curta esteve mais engessada, com pouca oscilação e players evitando definir posições antes do Copom, ainda que a expectativa por mudanças no comunicado seja baixa.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 9,985%, de 9,986% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 9,69% para 9,66%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 9,79%, de 9,86% ontem, e a do DI para janeiro de 2029 passou de 10,32% para 10,23%.
Pela manhã, a curva americana já vinha sendo pressionada para baixo com dados mais fracos da pesquisa ADP, que trouxeram bom presságio para o payroll na sexta-feira. Pouco antes do resultado do comunicado, os DIs chegaram a renovar mínimas, perderam fôlego após o comunicado, voltaram a acelerar e depois a desacelerar com a entrevista coletiva do presidente da instituição, Jerome Powell.
Como amplamente esperado, o Fed manteve o juro na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, mas houve reação negativa ao comunicado, dada a avaliação dos diretores de que a economia "tem se expandido em ritmo sólido", mudando a linguagem vista no comunicado de dezembro, no qual afirmavam que a atividade havia desacelerado.
A partir de então, ampliou-se a expectativa pela entrevista de Powell. As declarações reconhecendo desaceleração da inflação de forma "notável" trouxeram maior alívio às curvas num primeiro momento, mas, ao mesmo tempo, ele considerou pouco provável que o início do ciclo de afrouxamento seja na reunião de março. No fim da tarde, o retorno da T-Note de dez anos, que operou abaixo de 4,00% durante boa parte da sessão, retomava tal patamar.
Para o economista-chefe da nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, a mensagem geral do Federal Reserve é dovish, embora menos do que o mercado esperava, dada a ênfase de que, mais do que a atividade, é o comportamento da inflação que vai balizar o processo de alívio monetário. "O Fed indica que vai cortar a taxa basicamente de olho na inflação, mas será bem conservador. Deve optar por atrasar o início do ciclo porque quer minimizar o risco de ter de voltar a subir", afirmou.
Internamente, a agenda de indicadores trouxe a Pnad Contínua, com a taxa de desemprego recuando de 7,5% no trimestre até novembro para 7,4% até dezembro. Essa é a menor taxa de desemprego para um quarto trimestre desde 2014 (6,6%) e veio abaixo da mediana das estimativas dos analistas, de 7,5%. O dado reforça a ideia de que o ritmo de cortes de juro em 0,5 ponto porcentual é adequado para as próximas reuniões.
"A Pnad trouxe um sinal muito bom para a economia, de queda de desemprego sem aceleração nos salários. Sugere que é possível haver crescimento sem pressões inflacionárias", afirma Borsoi.
Na sua avaliação, embora a perspectiva de curto prazo para o Copom de hoje seja a de um não evento, com manutenção da sinalização de novos cortes de 0,5 ponto nas próximas reuniões, o comunicado pode trazer algum debate sobre a taxa terminal. "Há pontos de discussão sobre o repique da inflação de serviços e o comportamento do juro neutro", apontou.