A falta de sinalização explícita do Banco Central a respeito da possibilidade de corte de juros em agosto forçou um leve ajuste de posições do mercado de DIs, com respectiva alta nas taxas, mas não grande o suficiente para afastar de vez as apostas de que a instituição começará a baixar a Selic em agosto.
"O mercado continua com uma aposta firme de que o BC vai iniciar o ciclo de afrouxamento monetário em agosto", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, acrescentando que isso ocorre em função da expectativa de deflação do IPCA em junho, associada à perspectiva de que o Conselho Monetário Nacional (CMN) não fará mudanças drásticas na meta de inflação.
Mesmo com estes fatores favoráveis à redução da Selic, especialistas consideraram que o Copom tomou uma decisão acertada ao manter o tom mais duro que o esperado no comunicado.
Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, destaca que ainda há dúvidas sobre qual será o formato final do projeto de lei do arcabouço fiscal – que foi alterado pelo Senado e precisa passar novamente pela Câmara dos Deputados.
A decisão do CMN a respeito da meta de inflação também é um risco. O Banco Central possui apenas um dos três votos no Conselho. Os outros dois são dos ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Simone Tebet, do Planejamento.
"Esse evento é super relevante para ver se vai ter confirmação da meta de 3% e apenas dissociação em relação ao ano-calendário. Mas acredito que ainda é mais questão envolvendo desfecho do arcabouço", afirmou.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,085%, de 13,073% no ajuste de ontem, enquanto a do DI para janeiro de 2025 encerrou em 11,160%, de 11,137% na mesma comparação. A do DI para janeiro de 2027 terminou em 10,515%, de 10,503%, e a do DI para janeiro de 2029 em 10,810%, de 10,786%.