Os juros futuros chegaram ao fim do dia com viés de alta, após rondarem os ajustes de ontem durante toda a sessão desta sexta-feira, véspera de carnaval, marcada pela liquidez fraca. Os players optaram por evitar a montagem de posições antes do feriado prolongado no Brasil, considerando que os negócios transcorrerão normalmente na segunda e na terça-feira enquanto a B3 aqui estará fechada. Esse receio acabou limitando o contágio da abertura da curva americana sobre as taxas locais, que contaram ainda com o retorno do dólar ao nível de R$ 4,96.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,015%, de 9,997% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passou de 9,76% para 9,78%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 9,96% (de 9,92%) e a do DI para janeiro de 2029, a 10,40% (máxima), de 10,35%. No acumulado da semana, as taxas curtas avançaram em torno de 5 pontos-base; as intermediárias, aproximadamente 7 pontos e as longas, cerca de 10 pontos.
O DI mais líquido hoje, para janeiro de 2025, movimentou 358.493 contratos, ante média diária de 570 mil nos últimos 30 dias. A sexta-feira até teve alguns "inputs" que em outras situações poderiam servir de referência para as taxas, mas o risco de passar o feriado posicionado falou mais alto. Até porque na terça-feira (13) sai o índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) de janeiro nos Estados Unidos. "A depender de como vier, poderemos ter uma forte correção nos ativos locais na reabertura na quarta", explica a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.
Até por isso a reação dos Treasuries à revisão em baixa do CPI de dezembro, divulgada pela manhã, foi pontual e moderada. "O mercado quer mesmo ver como virá a inflação de janeiro depois do payroll forte", avalia Veronese. Hoje, mais um membro do Federal Reserve endossou a necessidade de cautela com a política monetária. No fim da tarde, o juro da T-Note de dez anos estava em 4,16%.
No Brasil, a agenda trouxe a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de dezembro, com alta de 0,3% no volume ante novembro, abaixo da mediana das estimativas (+0,7%). O dado não chegou a pesar sobre as taxas, uma vez que a variação de novembro na margem foi revisada em alta, de 0,4% para 0,9%. "Embora o número tenha vindo abaixo do esperado, os dois últimos meses de 2023 foram fortes, teve um fôlego de fim de ano que, é verdade, tem questões sazonais também. Agora o mercado vai começar a olhar com mais atenção o comportamento de serviços subjacentes, depois do IPCA ontem, também em função desta força no fim do ano passado", afirma a economista.
Para a política monetária, a PMS hoje em nada muda a perspectiva de manutenção do plano de voo do Banco Central, de mais dois cortes de 0,5 ponto porcentual na Selic. A equipe de mercados emergentes da Capital Economics afirma que a ata do Copom, o IPCA de janeiro e os dados fiscais de dezembro que saíram ao longo da semana endossam a visão de que o Copom deve reduzir a taxa básica menos do que se espera este ano. A expectativa da consultoria é de taxa a 9,5% no fim do ano, ante 9% na mediana da Pesquisa Focus.
"A ata do Copom deu ênfase no upside da inflação vindo da força do mercado de trabalho e dos serviços. Na sequência, o IPCA de janeiro não tranquilizou os formuladores da política monetária", disseram os profissionais. Sobre as contas públicas, lembram do déficit nominal de 8,9% do PIB em 2023. "Embora o déficit deva recuar este ano, a dinâmica da dívida pública parece pior", opinam.