Os juros futuros fecharam em alta nesta terça-feira, completando, no caso dos vencimentos intermediários e longos, a quinta sessão consecutiva de avanço. O fator gerador de pressão segue o mesmo dos últimos dias: as incertezas relacionadas à política monetária nos Estados Unidos, após novas declarações de dirigentes do Federal Reserve e dados mostrando atividade aquecida. Os yields dos Treasuries continuaram subindo, carregando junto as demais curvas. Embora o ambiente internacional tenha sido predominante, os ruídos domésticos também trazem desconforto para a exposição ao risco prefixado.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 9,945%, de 9,920% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026, em 9,97%, de 9,93% ontem. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 10,27% (de 10,21%) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 10,81%, de 10,74%.
O mercado deu sequência ao movimento de ontem, com alta nos juros desde cedo – nas mínimas, as principais taxas não passaram da estabilidade. A curva dos Treasuries seguiu como referência central para as taxas locais. O rendimento da T-note de 10 anos bateu na máxima os 4,4%, não vistos desde novembro. Ainda que hoje o relatório Jolts tenha indicado criação de vagas aquém do esperado em fevereiro, as encomendas à indústria americana subiram mais que o previsto, embora o dado referente a janeiro tenha sido revisado em baixa.
A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, alertou que seria um risco neste momento relaxar a política monetária de forma prematura. A presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, disse não haver urgência para cortar juros, diante da posição da economia americana no momento. A dirigente sublinhou que a inflação está caindo, mesmo que lentamente, enquanto o mercado de trabalho e o crescimento econômico continuam fortes. Ambas têm direito a voto nas reuniões deste ano.
Para o estrategista de renda fixa da BGC Liquidez Daniel Leal, a curva do DI não terá alívio enquanto não houver uma maior clareza com relação à política de juros nos EUA. "Não tem como a Selic cair muito se lá fora não melhorar, em função do diferencial de câmbio. Se a taxa aqui chegar a 9% e a de lá permanecer entre 5,25% e 5,5%, fica difícil segurar a moeda", explica, lembrando que nos documentos recentes o BC indicou que seus modelos trabalham com um câmbio em torno de R$ 4,90. A precificação da curva nesta tarde, de 9,80%, já apontava Selic terminal acima de 9,75%.
Internamente, a agenda do dia trouxe a pesquisa Focus com mudanças marginais, mas o noticiário fiscal segue incomodando o mercado. "O DI foi junto com o exterior, mas aqui também a gente não se ajuda", diz Leal, citando por exemplo a revogação da reoneração da folha de pagamentos dos municípios pelo presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).