Com o tradicional giro fraco de fim de ano, as taxas futuras de juros tiveram avanço e encerraram nesta segunda-feira, 29, perto das máximas, refletindo os números fiscais muito piores do que o consenso do mercado e a alta do dólar ante o real, sobretudo no período da tarde.
Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, o contrato de DI para abril de 2015 (37.625 contratos) estava na máxima de 12,24%, ante 12,22% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2016 (53.465 contratos) apontava 12,98%, também máxima, de 12,95% na sexta-feira. O DI para janeiro de 2017 (60.105 contratos) mostrava 12,98%, de 12,93% no ajuste anterior. E o DI para janeiro de 2021 (10.820 contratos) indicava máxima de 12,43%, de 12,35% na sexta-feira.
De acordo com o sócio gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, os números fiscais ruins direcionaram o avanço dos juros, ainda que o movimento não tenha sido muito intenso. Ele destacou que os dados, por mais que sejam retrovisores, indicam que o futuro ministro da Fazenda terá um “trabalho muito árduo”.
O Governo Central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) apresentou déficit de R$ 6,711 bilhões – o pior resultado para o mês da série histórica do Tesouro Nacional, que começou em 1997. O resultado ficou aquém da mediana das expectativas dos analistas do mercado financeiro, que iam de déficit primário de R$ 8,0 bilhões a superávit de R$ 2,30 bilhões, com mediana zero, conforme o AE Projeções.
No caso do setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobras), o déficit primário foi de R$ 8,084 bilhões no mês passado – o pior resultado para o mês desde 2001, quando teve início a série histórica do Banco Central. As estimativas variavam de um déficit primário de R$ 8,7 bilhões a um superávit R$ 4 bilhões, com mediana negativa de R$ 1 bilhão.
De janeiro a novembro, as contas do setor público acumulam um déficit primário de R$ 19,642 bilhões. O chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, projetou que o alcance da projeção de superávit primário depende de um resultado de R$ 32,3 bilhões em dezembro.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico de hoje, Joaquim Levy disse que ajuste fiscal previsto para o ano que vem deve elevar o superávit primário de R$ 10 bilhões previsto este ano para R$ 66 bilhões. O ministro concordou que o esforço, considerando a necessidade de diminuição de subsídios, será maior do que esse número, mas negou-se a confirmar estimativas existentes de que chegaria a R$ 100 bilhões. “Não dá para validar esse número de R$ 100 bilhões”, afirmou Levy.
Um operador destacou que, à tarde, as taxas aceleraram um pouco o movimento de alta, alinhadas às máximas do dólar ante o real e também com a piora do ambiente externo, onde o petróleo voltou a cair e a moeda dos EUA ganhou força ante a maioria das demais divisas emergentes e ligadas a commodities. No Brasil, como fator adicional, está a incerteza em relação ao programa de swaps do Banco Central. Assim, o dólar à vista no balcão teve valorização de 1,01%, a R$ 2,7040.