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Juros: Temor com cepa Omicron esfria apostas em Copom agressivo e derruba taxas

A nova variante do coronavírus, surgida na África do Sul e batizada de "Omicron", deixou terra arrasada nos ativos e, no caso dos juros, derrubou as taxas de curto prazo, com o mercado aparando excessos de prêmios embutidos para um ciclo de aperto monetário mais agressivo. Com o que se sabe até o momento, a avaliação é de que a cepa pode ameaçar a recuperação da economia global, com potencial impacto desinflacionário – os preços do petróleo derreteram até 13% -, caso países elevem medidas de restrição e isolamento social. Neste caso, os bancos centrais teriam de rever seus planos de voo.

Alguns profissionais também destacaram a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento do Secovi nesta sexta, reforçando declarações consideradas dovish dadas nos últimos dias. Apesar da aversão ao risco ter provocado uma corrida para os Treasuries e para o dólar, a ponta longa da curva também recuou, alinhada principalmente à queda do rendimento da T-Note de dez anos abaixo de 1,5%.

No fechamento da sessão regular, todas as taxas estavam abaixo da marca de 12%, na qual vinham persistindo nas últimas semanas principalmente entre os trechos curto e intermediário. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 11,900%, de 12,111% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,866% para 11,73%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,71%, de 11,813% ontem. No fechamento da estendida, estes contratos tinham taxas de, respectivamente, 11,865%, 11,69% e 11,66%.

Após ensaiar uma realização de lucros ontem, os juros voltaram a cair hoje, com o temor sobre as consequências da nova variante pesando em todos os mercados e durante toda a sessão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a cepa como "preocupante" e disse que esta apresentou alto risco de reinfecção em comparação com outras variantes classificadas como preocupantes, segundo evidências preliminares. Vários países já elevaram o nível de alertas e restrições, como de viagens. No Brasil, o Ministério da Saúde emitiu uma "comunicação de risco" e destacou que medidas como o uso de máscara, o distanciamento social e o isolamento de casos suspeitos são "essenciais".

Para o Departamento Econômico da Renascença, no Brasil, considerando o curtíssimo prazo, a piora do quadro mundial poderá trazer desaceleração adicional da atividade, fomentando ainda mais a chance de recessão em 2022, com perspectiva de algumas pressões deflacionárias, especialmente advindas do desempenho das commodities. "Se assim for, também levando em conta que o Copom se antecipou no processo de aperto da política monetária no início de 2021, já estando em estágio muito mais avançado que o resto do mundo, talvez a taxa Selic terminal não tenha de alcançar níveis tão elevados quanto parte do mercado trabalha atualmente", afirmam os profissionais.

O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, chama a atenção ainda para a fala de Campos Neto nesta sexta-feira. "Ele indicou que a inflação está próxima do pico em 12 meses, na linha dovish do que tem dito nesta semana", afirmou. O presidente do BC afirmou ainda que, em 2022, o BC acredita em melhora.

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