Os juros futuros terminaram em leve alta a sessão desta sexta-feira. O movimento perdeu força na maioria dos contratos no fechamento dos negócios, na medida em que o dólar se firmava em baixa ante o real, para fechar a R$ 5,5132. O mercado ponderou fatores em várias direções, como a recomposição dos juros dos Treasuries, dados fracos da economia americana, o câmbio aqui bem comportado e o risco fiscal, além das vendas do varejo acima do consenso, embora nenhum deles tenha se destacado para dar uma direção firme para as taxas.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,94% (regular) e 11,95% (estendida), de 11,927% na quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 11,183% para 11,225% (regular) e 11,255% (estendida). A taxa do DI para janeiro de 2027 fechou a regular estável em 11,13%, mas subiu a 11,18% na estendida.
Na primeira etapa, o sinal de alta das taxas era mais firme, com a curva acompanhando a avanço do dólar e dos juros dos Treasuries, mas o movimento perdeu força quando saíram os indicadores da indústria e varejo abaixo do esperado nos Estados Unidos no fim da manhã. Por aqui, ao contrário, as vendas do varejo em novembro, a exemplo do que foram na quinta os Serviços, surpreendeu positivamente, mostrando expansão perto do teto das estimativas, quando as medianas apontavam para retração no caso do varejo ampliado e estabilidade para o restrito. O varejo restrito em novembro, na margem, subiu 0,6%, e o ampliado, 0,5%, perto do teto de 0,7% para ambos.
Contudo, não mudaram substancialmente a perspectiva para a atividade nem cenário de apostas para a Selic. Ambos os indicadores, na melhor das hipóteses, devem melhorar o viés pessimista para o PIB do quarto trimestre. "Apesar do número cheio ter superado boa parte das previsões, olhando o qualitativo, há apreensão e não altera a expectativa futura", resumiu Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
Para Abdelmalack, o mercado de juros operou mais a partir da dinâmica externa e com as preocupações fiscais. "Temos os juros dos Treasuries acelerando com os discursos do Fed confirmando a iminência da elevação dos juros e promovendo abertura da curva aqui, além da cautela com as paralisações de servidores na próxima semana", comentou.
Está previsto um ato político na terça-feira em frente ao prédio do Banco Central, reunindo várias categorias do funcionalismo público, que querem o mesmo tratamento dado aos policiais federais, que tiveram espaço no Orçamento para reajustes salariais em 2022.
Um parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) a que o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) teve acesso mostra que a equipe econômica consultou o órgão para se assegurar do que é permitido pela legislação eleitoral em relação a reajustes.
Diante de brechas apontadas pela Procuradoria, a Economia se agarra agora à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para blindar o Orçamento, com o objetivo de segurar a chave do cofre até 4 de abril, a partir de quando, pela lei eleitoral e no entendimento da PGFN, fica vedada a concessão de aumentos.