Alvaro Morata, de 22 anos, foi o responsável por impedir que o Real Madrid, clube em que jogou por seis anos, chegasse à tão esperada final da Liga dos Campeões contra o Barcelona. Nesta quarta-feira, foi dele o gol da Juventus no empate em 1 a 1, no Santiago Bernabéu, que classificou a equipe italiana para a decisão do próximo dia 6 de junho, em Berlim, na Alemanha. O garoto, liberado pelo Real no fim da última temporada, já havia feito um dos gols da vitória da Juventus por 2 a 1 no jogo de ida, semana passada, em Turim.
Agora, Morata terá a chance de disputar sua segunda final seguida de Liga dos Campeões. No ano passado, ele entrou no segundo tempo da final contra o Atlético de Madrid, vencida pelo Real. Substituiu Benzema, francês que exigiu grandes defesas de Buffon no primeiro tempo do jogo desta quarta-feira. Na segunda etapa, o goleiro quase não trabalhou. Viu o bombardeio espanhol ir para fora.
Tetracampeã italiana, a Juventus não era apontada como favorita a chegar à final. Afinal, o senso comum é que o Campeonato Italiano já não é o mesmo e vencê-lo não é sinônimo de força. Com Pogba, Buffon, Chiellini, Tevez e Pirlo, a equipe de Turim mostrou que não é bem assim. Não tem o mesmo futebol vistoso de Real Madrid, Bayern de Munique ou Barcelona, mas sabe o caminho para vencer.
Não à toa, tem a chance de ganhar três títulos na temporada – a famosa “tríplice coroa”. Já venceu o Italiano e pode faturar também a Copa da Itália, cuja final, contra a Lazio, está marcada para 7 de junho e precisará ser antecipada. O Barcelona tem a mesma oportunidade, vale lembrar.
Herói da final, Buffon tem a chance de disputar mais uma final da Liga, 12 anos depois de ver o Milan de Pirlo, Seedorf, Maldini, Dida e Carlo Ancelotti ganhar da Juventus nos pênaltis, em Manchester. A equipe alvinegra não fatura o título desde a temporada 1995/1996.
Já dois jogadores da Juventus viverão um reencontro especial com Luis Suárez. O uruguaio mordeu Chiellini na Copa do Mundo, sendo expulso da competição, e levou grande gancho depois de caso de racismo contra o francês Evra, quando os dois ainda jogavam na Inglaterra.
O JOGO – Precisando da vitória, o técnico Carlo Ancelotti foi corajoso. Contando com a volta de Benzema, escalou o Real Madrid com três atacantes e dois meias criativos (James e Isco). Sufocando a Juventus, não deixou o time italiano respirar. A bola mal chegava a Pogba, de volta ao time depois de 50 dias.
O primeiro tempo foi um massacre do Real Madrid. Logo aos 5 minutos, Benzema dominou bonito na área, tirou de Lichtsteiner, mas isolou, a poucos passos do gol. Quando Cristiano Ronaldo e Bale tentaram, em chutes de fora da área, Buffon mostrou por que ainda é um dos melhores goleiros do mundo.
Tamanha pressão acabou recompensada aos 21 minutos, em lance polêmico. Chielini chegou mais duro em James Rodríguez na área, o colombiano desabou e o árbitro sueco Jonas Eriksson marcou pênalti. Cristiano Ronaldo foi para a cobrança, encheu o pé no meio e fez seu 10.º gol na Liga. Messi também tem 10, mas faz mais um jogo para tentar ser o artilheiro isolado.
O gol dava a vaga ao Real, mas o time espanhol sabia que podia mais. Continuou em cima, tentando matar o jogo ainda no primeiro tempo. Buffon, entretanto, não deixou. Pegou lindo cabeceio e um chute rente à trave, ambos de Benzema.
A derrota parcial por 1 a 0 acabou não sendo tão ruim para a Juventus levar ao vestiário. A equipe italiana se reestruturou depois de conversar com o técnico Maximiliano Allegri e voltou outra para o segundo tempo. Aos 5 minutos, um chute de Marchisio que saiu rente à trave foi a primeira boa chance do time no jogo.
O empate sairia pouco depois, aos 11, em lance que teve a participação dos principais jogadores do time. Vidal sofreu a falta, que Pirlo bateu na área. Casillas cortou mal, Morata pegou o rebote, acertou o domínio e bateu forte, à queima-roupa, para fazer 1 a 1.
O gol italiano fez o Rel Madrid ficar em desvantagem no agregado, passando a precisar de dois gols para avançar sem pênaltis. Em 15 minutos, foram quatro ótimas chances que passaram rente à trave. Três delas com Bale, sendo duas na pequena área e um chute de longe. James também tentou de fora, tirando tinta do travessão. Nos quatro lances, Buffon já estava rendido.
O cabeceio de Bale, aos 29 minutos do segundo tempo, foi a 20.ª finalização do Real Madrid, uma a cada quatro minutos. Mas ainda havia 20 minutos (contando os acréscimos) para os espanhóis marcarem mais um gol. Não faltou vontade, mas faltou pontaria. Faltou acertar o último passe.
A Juventus teve a chance de matar o jogo, primeiro com Marchisio, depois com Vidal e Pogba, mas Casillas salvou o Real Madrid. Depois, no que poderia ser o último ataque dos espanhóis, errou uma cobrança de escanteio, esfriou o jogo, e viu os italianos comemorarem.