O prefeito reeleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), assumiu o cargo neste sábado, 1º, para mais quatro anos de governo com dois desafios e uma decisão política a tomar antes mesmo do fim da primeira metade do mandato que se inicia. Os desafios são a adoção de medidas para reaquecer o comércio da cidade, afetado pela pandemia da covid-19, e a realização de obras para evitar mais mortes e nova destruição do município pelas chuvas, como ocorreu em janeiro de 2020.
Já a decisão política tem a ver com o futuro de Kalil na vida pública, com o prefeito tendo que definir se vai disputar o governo do estado no ano que vem, deixando a prefeitura nas mãos do vice, Fuad Noman (PSD). O tempo para desincompatibilização é de seis meses antes do pleito. Seguidos os prazos eleitorais pré-pandemia, Kalil teria que deixar o cargo em abril de 2022.
A posse do prefeito, vice e vereadores foi realizada na Câmara Municipal na tarde desta sexta-feira, 1º. Kalil e Fuad participaram de forma remota. Em curto discurso via internet, o prefeito justificou a ausência pela pandemia, por ser portador de comorbidades, ter 61 anos, e afirmou que Belo Horizonte continuará sendo plural. "A cidade é LGBT, é dos cristãos, dos evangélicos, dos negros, dos imigrantes e assim continuará sendo." Kalil não falou sobre planos ou projetos, para a cidade ou próprios.
Projeções sobre o futuro político do prefeito são evitadas, ao mesmo publicamente, também no entorno do chefe do Poder Executivo municipal. O possível sucessor de Kalil fala apenas dos desafios. "Temos muitas obras para fazer e empresas do comércio para recuperar. O prefeito vem afirmando isso. O ano de 2020 foi o da pandemia. O de 2021 será o da recuperação da economia da cidade", declarou, na véspera da posse. Fuad não fez discurso na posse.
A capital mineira tem no setor de serviços uma de suas principais fontes de arrecadação. Bares e restaurantes, por exemplo, iniciaram 2021 proibidos de venderem bebidas alcoólicas para consumo no local.
Ao longo da pandemia chegaram a ser totalmente fechados para evitar a propagação do vírus, com o prefeito sendo atacado por entidades de representação da categoria, algo que não chegou nem de perto a ameaçar sua reeleição. Kalil venceu no primeiro turno com 63,36% dos votos.
Kalil é hoje um político bem diferente do franco-atirador de primeira viagem que adotou a tática do "não político" e venceu sua até então única disputa para cargo público, em 2016. Naquela época, o ex-cartola (Kalil foi presidente do Atlético-MG) fazia vídeos visitando postos de saúde e favelas da capital apontando problemas e não garantindo que tudo seria resolvido, mas que tentaria resolver.
Com o discurso, venceu de virada no segundo turno o PSDB do ex-cacique político de Minas Gerais, o ex-governador do estado e hoje deputado federal Aécio Neves, que apoiava o colega de partido e deputado estadual João Leite. O PT, de outro ex-cacique mineiro, o também ex-governador Fernando Pimentel, não passou do primeiro turno.
Kalil conseguiu um pouco mais de envergadura política, com o resultado na disputa de 2020, e tem como principal aliado no plano nacional o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), que chegou a ir a Belo Horizonte durante a eleição presidencial de 2018 para o anúncio de Kalil de que o apoiava na campanha pelo Palácio do Planalto.
<b>Tragédia</b>
As chuvas que atingiram Belo Horizonte em janeiro do ano passado deixaram 19 mortos. A maior parte das principais obras em andamento ou previstas na cidade para os próximos anos são para tentar evitar alagamentos que ocorrem em período de chuvas. No início de 2020 um dos córregos tamponados que cortam a capital, e que inclusive passa em frente ao prédio em que Kalil mora, transbordou provocando uma das maiores enchentes já ocorridas na cidade.