Após a decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de desistir da corrida presidencial na tarde de domingo, 21, a vice-presidente Kamala Harris já conquistou o apoio de lideranças importantes do Partido Democrata para ser a candidata da legenda contra o republicano Donald Trump.
Segundo um levantamento do jornal <i>The New York Times</i>, 214 políticos democratas já apoiaram Harris publicamente, incluindo 162 congressistas, 36 senadores e 16 governadores. Menos de 24 horas após a desistência de Biden, a campanha de Harris conseguiu angariar US$ 49,6 milhões. Segundo integrantes do Partido Democrata, as cifras devem aumentar nas próximas horas.
<b>Confira os principais apoios recebidos por Kamala Harris:</b>
<b>Joe Biden</b>
O presidente dos Estados Unidos não mencionou o apoio a Harris na carta em que comunica a sua desistência da corrida presidencial, mas logo depois apoiou a vice-presidente em uma publicação na plataforma X e forneceu um link para que doadores pudessem contribuir com a campanha.
Segundo Biden, a escolha de Harris para ser sua companheira de chapa foi a melhor decisão que ele já tomou". O presidente destacou que os democratas precisam se unir em torno da vice-presidente com o intuito de derrotar Donald Trump.
<b>Bill e Hillary Clinton</b>
O ex-presidente americano Bill Clinton, que governou os Estados Unidos por dois mandatos, entre 1993 e 2001, também rapidamente apoiou Kamala Harris como candidata do Partido Democrata, assim como a ex-primeira-dama e ex-secretária de Estado Hillary Clinton, que foi a candidata à presidência da legenda em 2016, quando foi derrotada por Donald Trump.
O comunicado publicado na plataforma X pelos dois políticos ressalta feitos do governo Biden como os "milhões de empregos criados" e a melhoria na economia americana. O casal Clinton aponta que um segundo mandato de Donald Trump poderia ser uma ameaça à democracia americana.
"Este é o momento de apoiar Kamala Harris e lutar com tudo que temos para que ela seja eleita. O futuro dos Estados Unidos depende disso".
<b>Josh Shapiro</b>
O governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, também emitiu um comunicado em que apoia a candidatura de Kamala Harris. Shapiro é um dos nomes cotados dentro do partido para ser o companheiro de chapa de Harris.
A Pensilvânia é um swing state, Estado-pêndulo em português, definição dada aos Estados que não tem um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição. Por isso, a candidatura de Shapiro ao cargo de vice-presidente poderia angariar votos em um Estado que pode definir a eleição americana.
<b>Pete Buttigieg</b>
O secretário de Transportes dos Estados Unidos, Pete Buttigieg, foi um dos políticos democratas que apoiou Harris oficialmente, no domingo, 21.
Buttigieg é um veterano das Forças Armadas dos EUA e foi prefeito de South Bend, Indiana, um Estado que tradicionalmente vota no Partido Republicano, e se candidatou às primárias democratas de 2020, perdendo a nomeação para Joe Biden. Apesar da derrota, o político de 42 anos teve um ótimo desempenho e é visto como um político de grande futuro.
Buttigieg é o primeiro gay assumido a participar de um gabinete presidencial nos Estados Unidos e é um dos cotados para ser o companheiro de chapa de Kamala Harris.
<b>Mark Kelly</b>
O senador Mark Kelly, do Estado do Arizona, também optou por apoiar a vice-presidente Kamala Harris na disputa presidencial. O Estado do Arizona também é considerado um Estado-pêndulo importante e Kelly é cotado para ser o candidato a vice.
"Eu não poderia estar mais confiante que a vice-presidente Harris é a pessoa certa para derrotar Donald Trump e liderar o nosso país para o futuro. Farei tudo que estiver ao meu alcance para que ela seja eleita", apontou Kelly em um comunicado na plataforma X.
Kelly é um veterano da Marinha dos Estados Unidos e ex-astronauta da Nasa.
<b>Andy Beshear</b>
Outro potencial companheiro de chapa de Kamala Harris, o governador do Kentucky, Andy Beshear, apoiou formalmente a atual vice-presidente para a corrida presidencial de 2024.
O Kentucky é um Estado tradicionalmente republicano, onde Donald Trump venceu as últimas eleições com mais de 60% dos votos. O líder da minoria no Senado americano, o republicano Mitch McConnell, é natural do Kentucky. Apesar disso, o democrata Beshear foi reeleito governador em 2023.
<b>Gavin Newson</b>
O popular governador da Califórnia, Gavin Newson, também já apoiou publicamente a vice-presidente Kamala Harris na corrida presidencial. Harris foi procuradora-geral do Estado e senadora pela Califórnia. Por serem do mesmo Estado, Newson e a vice-presidente não poderiam concorrer como companheiros de chapa.
Newson foi um dos cotados para ser candidato a presidente no lugar de Biden, e poderia tentar concorrer contra Harris nas primárias democratas, mas optou por apoiar a vice-presidente. A Califórnia é um dos Estados mais democratas dos EUA e elegeu Biden nas últimas eleições com mais de 60% dos votos.
<b>Roy Cooper</b>
Outro potencial companheiro de chapa de Harris, o governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, também apoiou a vice-presidente oficialmente. Cooper está no final do mandato como governador do Estado após oito anos. A Carolina do Norte também é um Estado-pêndulo, que não elege um democrata para a presidência desde Barack Obama em 2008.
Em uma entrevista à emissora americana MSNBC, Cooper afirmou que conversou com Harris no domingo, após a decisão de Biden de desistir da disputa. Ele foi perguntado se aceitaria ser candidato a vice em uma chapa encabeçada por Kamala Harris, mas se esquivou da resposta.
"Eu aprecio que as pessoas estejam falando de mim, mas o foco neste momento precisa ser em Kamala", apontou Cooper.
<b>Alexandria Ocasio-Cortez</b>
A congressista Alexandria Ocasio-Cortez, uma das principais lideranças da ala mais progressista do Partido Democrata, também apoiou publicamente Kamala Harris. Apesar de ser de uma ala do partido que criticou muitas das políticas de Biden, especialmente em relação a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, ela apoiou a reeleição do presidente americano e não se uniu a outras vozes do partido que pressionaram pela desistência do democrata.
Ocasio-Cortez ressaltou a necessidade de união do Partido Democrata para derrotar Donald Trump e "a ameaça à democracia americana".
<b>Gretchen Whitmer</b>
A governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, também apoiou a candidatura de Kamala Harris. Whitmer era uma das políticas cotadas para substituir Biden na corrida presidencial, principalmente por governar Michigan, um Estado-pêndulo que pode definir as eleições.
Em um comunicado conjunto com outros governadores democratas como JB Pritzkier, de Illinois, Tim Waltz, de Minesota, e Tony Evers, de Wisconsin, Whitmer afirmou que estava animada para votar em Harris e participar da campanha.
"Os votantes de Michigan tem uma candidata presidencial que eles podem contar para diminuir os custos, restaurar liberdades e trazer empregos para o Estado. Não podemos deixar Donald Trump voltar para a Casa Branca", apontou a governadora.
Figuras importantes que não apoiaram Kamala Harris:
<b>Barack Obama</b>
O ex-presidente americano Barack Obama, que governou os EUA entre 2009 e 2017, não indicou oficialmente o apoio a Kamala Harris na disputa. Obama divulgou um comunicado em que chama Biden de "amigo e parceiro", e afirma que o presidente americano é um "grande patriota".
Biden foi vice-presidente por dois mandatos na chapa de Obama. Na época, o então candidato afirmou que escolheu Biden como seu companheiro de chapa em 2008 porque queria um vice mais velho e experiente, com "cabelos grisalhos" e ambições presidenciais futuras limitadas.
"Navegaremos em águas desconhecidas nos próximos dias", escreveu Obama no post. "Mas tenho uma confiança extraordinária de que os líderes do nosso partido serão capazes de criar um processo do qual surgirá um candidato notável."