O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, em sua última viagem como principal representante da diplomacia norte-americana, defendeu a Parceria Transpacífica (TPP), acordo comercial que o presidente eleito Donald Trump prometeu rejeitar, e pediu que países evitem atos de provocação no Mar do Sul da China.
“Não posso prever o que a nova administração vai fazer com o comércio, mas posso dizer com certeza que as razões fundamentais para a TPP não mudaram”, disse Kerry a alunos da Universidade de Tecnologia e Educação na cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã. Segundo ele, os EUA não vão crescer a menos que possam vender produtos para outros países.
O secretário de Estado admitiu que o futuro do acordo comercial é incerto sob a administração Trump, mas disse acreditar que o comprometimento dos EUA com a região não vai mudar. “A mudança de administração em Washington não vai alterar ou enfraquecer os compromissos dos EUA com a prosperidade, estabilidade e segurança da região Ásia-Pacífico”, disse Kerry, acrescentando que “nossa amizade não depende de indivíduos ou personalidades”.
O secretário de Imprensa da Casa Branca, Josh Earnest, disse que o presidente Barack Obama dedicou boa parte de seu último mandato à TPP. Segundo Earnest, o acordo permitiria aos EUA impor padrões de direitos humanos, trabalhistas, ambientais mais elevados, além de oferecer proteção à propriedade intelectual e permitir que companhias norte-americanas tivessem acesso a algumas das economias de crescimento mais rápido.
O acordo eliminaria cerca de 18 mil tarifas que outros países impõem sobre produtos dos EUA, disse Earnest. “Mas, infelizmente, o Congresso não tomou nenhuma atitude em relação ao acordo que a administração Obama negociou, o que é uma pena, já que há indicações de que outros países estão prontos para levar o acordo adiante sem os EUA”, disse.
No Vietnã, Kerry disse ainda que os EUA e o país asiático apoiam a segurança e a liberdade de navegação e sobrevoo no Mar do Sul da China, área reivindicada como um todo ou em parte por Vietnã, China e outros quatro países.
“Acreditamos que todos os países da região, grandes ou pequenos, devem evitar atos de provocação que aumentem a tensão ou levem a uma maior presença militar na área”, disse Kerry.
Depois do Vietnã, Kerry viaja para Paris, onde participa da Cúpula de Paz no Oriente Médio, e para Londres, onde se reúne com o secretário de Relações Exteriores Boris Johnson para discutir a Síria. Sua viagem termina em Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial, em 18 de janeiro. Dois dias depois, Trump toma posse, assim como o sucessor de Kerry, Rex Tillerson. Fonte: Associated Press.