O ministro das relações exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, se reuniram neste sábado em Lausanne, na Suíça, para discutir a situação da Síria. O encontro também contou com a participação de enviados de Arábia Saudita, Irã, Turquia, Catar, Egito e Jordânia. “Estamos nos esforçando bastante”, disse Kerry a repórteres.
Após vários ataques aéreos na cidade de Alepo no mês passado, Kerry decidiu encerrar o compromisso bilateral com a Rússia na Síria, que incluía discussões para uma possível aliança militar contra o Estado Islâmico e a Al-Qaeda no país. Na semana passada, Kerry acusou a Rússia de crimes de guerra, por bombardear hospitais e infraestrutura civil na Síria.
Mesmo assim, o secretário de Estado dos EUA se reuniu com Lavrov em Lausanne. A expectativa norte-americana de algum avanço diplomático parecia depender diretamente da cooperação da Rússia. Kerry também se encontrou separadamente com o ministro de relações exteriores da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir.
O conflito na Síria já matou cerca de 500 mil pessoas desde 2011, contribuiu para a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial e permitiu que o Estado Islâmico conseguisse território e emergisse como uma ameaça global.
Residentes da parte leste de Alepo, controlada pela oposição, vêm sofrendo ataques diários das forças do presidente Bashar Assad. Apesar de criticar duramente Síria e Rússia, os EUA parecem não ter uma resposta. O presidente Barack Obama e o Pentágono já deixaram claro que se opõem a qualquer tipo de ataque militar dos EUA contra as forças de Assad. Ao mesmo tempo, os EUA relutam em fornecer mais armamentos avançados para os rebeldes por causa de suas ligações com grupos extremistas. Sanções contra Moscou também parecem improváveis, tendo em vista o fracasso dessas medidas após a Rússia anexar a Crimeia em 2014. Sem um aparente plano B, Obama orientou sua equipe de segurança nacional a retomar os esforços diplomáticos para tentar diminuir a violência na Síria.
A Rússia também quer um cessar-fogo, mas diz que os EUA e seus parceiros são um problema. Em entrevista na sexta-feira, o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, disse que o encontro na Suíça tem como objetivo fazer com que a oposição “moderada” apoiada pelos EUA corte relações com soldados ligados à Al-Qaeda.
Após o fracasso de vários acordos de cessar-fogo na Síria nos últimos meses, Washington duvida da seriedade de Moscou. Além disso, com a possível queda de Alepo nas próximas semanas, muitos acreditam que Síria e Rússia não vão querer suspender os combates ainda. Fonte: Associated Press.