Estadão

Kiev confirma morte de piloto desertor da Rússia

O corpo de um homem encontrado crivado de balas e atropelado por um carro na Espanha, na semana passada, foi identificado como sendo o do piloto russo Maksim Kuzminov, que voou com seu helicóptero Mi-8 para a Ucrânia em uma dramática deserção em agosto, segundo o governo ucraniano.

Seu aparente assassinato – após uma ameaça pública à sua vida no ano passado feita na televisão estatal russa – levantou questões sobre se essa foi uma morte encomendada pelo Kremlin e realizada em solo espanhol.

A notícia da morte violenta de Kuzminov surgiu apenas alguns dias após a morte repentina na prisão do líder da oposição russa Alexei Navalni, que as autoridades europeias e americanas consideraram como uma prova da brutalidade do governo russo.

O porta-voz do serviço de inteligência da Ucrânia, Andri Yusov, confirmou ao jornal americano <i>The Washington Post</i> que o corpo encontrado na entrada de um complexo residencial em Villajoyosa, em Alicante, era o de Kuzminov.

As autoridades russas não comentaram a morte do desertor. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, se recusou a falar sobre o caso ontem, dizendo que ele "não estava na agenda do governo".

<b>Traição</b>

Mas Serguei Narishkin, chefe do serviço de inteligência estrangeira da Rússia, falou com jornalistas russos, dizendo que Kuzminov "era um homem morto" no momento em que começou a planejar sua deserção. "Esse traidor e criminoso se tornou um cadáver moral no momento em que planejava seu crime sujo e terrível", disse Narishkin, de acordo com relatos das agências de notícias estatais russas Tass e Ria.

Kuzminov sequestrou um helicóptero militar Mi-8 da Rússia e levou para região de Kharkiv, em agosto. Ele tomou a aeronave sem falar com os outros dois tripulantes, que acabaram mortos na Ucrânia pela recusa em se render.

Em troca do helicóptero e de documentos secretos, Kiev ofereceu ao piloto garantias de segurança, nova identidade e uma compensação financeira. Na época, o russo explicou que desertou porque era contra a guerra e não queria fazer parte dela. Depois da fuga, ele decidiu deixar a Ucrânia e viver na Espanha.

A imprensa espanhola citou fontes da Guarda Civil confirmando que o corpo era de Kuzminov. Testemunhas disseram que os pistoleiros atiraram nele várias vezes, depois o atropelaram e fugiram. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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