Depois de 18 anos sem pisar em um palco reunidos, o Killing Chainsaw – grupo fundamental do rock independente brasileiro dos anos 1990 – volta a tocar nesta quarta-feira, 20, em São Paulo. Este é o primeiro de um trio de shows produzidos para apoiar o projeto Guitar Days, um filme dirigido e produzido por Caio Augusto Braga, que está em fase final de captação e deve ser lançado no segundo semestre de 2016. Ele vai contar uma história que vem ganhando novos registros no Brasil – a explosão de bandas independentes desde o fim dos anos 1980, no filme, especialmente, as voltadas para a guitarra e as letras em inglês. São nomes como Second Come, Mickey Junkies, Pin Ups, The Cigarettes, brincando de deus, Garage Fuzz, PELVs e muitas outras.
Guitar Days é por ora bancado todo pelo produtor, que diz estar atrás de maneiras autossustentáveis de financiar o filme. Após uma tentativa de financiamento coletivo frustrada, ele provocou a volta do Killing Chainsaw para três shows (em SP com o Mickey Junkies e o Twinpines, e também no Rio e Belo Horizonte).
“Já captamos 70 horas de entrevistas em várias cidades, mas, quando parti para a finalização, percebi que ainda faltavam alguns depoimentos”, explica Braga. Sobre o financiamento, ele diz que gostaria de tentar outras possibilidades antes de buscar uma lei de incentivo. “O País deve fomentar a produção cultural, mas nosso cinema precisa de alternativas, enxergar novos caminhos que sirvam para um audiovisual mais independente”, comenta.
KC
No dia 29 de janeiro de 1993, o Caderno2 publicou uma matéria, do jornalista Marcel Plasse (um dos entrevistados de Guitar Days), com o título Baterista do Nirvana elogia grunge brasileiro. O repórter convidou Dave Grohl, de passagem pelo Brasil com a banda, para ouvir grupos nacionais barulhentos e que cantavam em inglês. Uma das bandas de que Grohl mais gostou foi o Killing Chainsaw, formado em Piracicaba, em 1989: “A gente tenta fazer esse barulho e não consegue. Você já mandou uma cópia disso para o Sonic Youth?”, disse o hoje megafamoso rockstar. Alguns dias depois, Kurt Cobain foi fotografado segurando o álbum da banda paulista.
“Tá tudo mais legal”, diz o guitarra e vocal Rodrigo Guedes, 43 – ele mora em Londrina, mas estava em Piracicaba ensaiando com a banda na tarde de ontem, dia 19. Eles toparam fazer novos shows para apoiar a produção do Guitar Days. “A gente era desconexo, encontrava as pessoas, mas não tinha pretensão de ter uma cena, cada um fazia a sua”, comenta. “Com detalhes, o filme tenta juntar tudo isso.”
A história “meio romântica” que Braga vai contar, que tem o Killing Chainsaw como um dos personagens principais, se refere àquele momento em que era preciso “sair de casa para ouvir música”, explica o produtor. “Você tinha que pegar um ônibus, ir num clube, ver e ouvir a música, e tinha a tensão de poder apanhar de outras gangues, era uma coisa mais visceral”, ri. “Essa movimentação foi o início de um movimento do que até hoje conhecemos como indie rock nacional.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.