Estadão

Lacalle Pou faz crítica indireta a Lula por chamar problema da Venezuela de narrativa

O presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, disse ter ficado surpreso com as declarações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a Venezuela, ao afirmar que o que ocorre no país vizinho são "narrativas". Não houve, contudo, uma citação direta a Lula. Para o uruguaio, o pior a se fazer em relação à Venezuela é "tapar o sol com o dedo".

"Fiquei surpreso quando se falou que o que acontece na Venezuela é uma narrativa. Já sabem que nós pensamos sobre a Venezuela e o governo venezuelano", disse o presidente do Uruguai, citando os esforços de países vizinhos para implementar democracia e direitos humanos na Venezuela.

As declarações ocorreram na presença de Lula, durante cúpula promovida em Brasília pelo governo brasileiro com todos os chefes de Estado da América do Sul. A fala foi transmitida ao vivo pelas redes sociais de Lacalle Pou, mas deletada logo em seguida.

Nesta segunda, 29, durante entrevista coletiva de imprensa após encontro com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto, o presidente brasileiro criticou o que classificou como uma "narrativa" contra a Venezuela. "Acho que cabe à Venezuela mostrar a sua narrativa para que possa efetivamente fazer as pessoas mudarem de opinião", declarou. "É preciso que você construa a sua narrativa. E a sua narrativa vai ser infinitamente melhor do que o que eles têm contado contra você."

<b>Unasul</b>

Em sinalização negativa à retomada da Unasul na região, como defende Lula, Lacalle Pou pediu ainda "basta" à criação de instituições. A Unasul foi uma associação com tom de esquerda criada em 2008 por articulação de Hugo Chávez.

"Acho que temos que parar essa tendência à criação de organizações. Vamos às ações. O presidente do Chile, Gabriel Boric, entre outros, levantou pontos pontuais, como no caso de catástrofes e outras coisas. O mesmo fez o presidente Lasso. Me parece oportuno, presidente Lula, ir às ações, revisar as ações. Tomar o caminho que começamos em tantas coisas e voltar atrás nos caminhos que foram equivocados", afirmou Lacalle Pou, que é de centro-direita.

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