A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, sinalizou que em junho a instituição pode ter uma visão mais clara sobre o cenário, para tomar suas decisões sobre um eventual corte nos juros. Durante entrevista coletiva após a instituição manter as principais taxas de juros inalteradas pela quarta vez consecutiva, a dirigente do BCE notou que haverá poucos dados adicionais em abril, "mas muitos em junho" para embasar a política monetária.
Lagarde disse que os dirigentes discutiram nesta quinta-feira a possibilidade e como reduzir o nível de aperto nos próximos meses, além de afirmar que a decisão desta quinta-feira foi por unanimidade.
Apesar de ter comentando que não foi discutido nesta quinta corte nos juros, ela negou que o BCE não tivesse "pressa" para reduzir adiante, acrescentando apenas que este assunto não foi pauta nesta reunião.
A presidente do BCE disse também que suas decisões não dependem das ações do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) nos Estados Unidos.
Na questão dos salários na zona do euro, ela afirmou que o BCE não quer que o crescimento dos salários seja nulo, mas apenas que arrefeça a pressão inflacionária.
Em outro momento da coletiva, Lagarde tratou da eventual tomada de ativos russos no exterior, no contexto da guerra da Ucrânia. Segundo ela, é importante se respeitar a lei internacional, "para manter a ordem monetária".
Moscou tem advertido que uma tomada de ativos do tipo seria um desrespeito à legislação global e traria maior insegurança jurídica para negócios pelo mundo. Nesta quinta, Lagarde disse que o BCE estuda um eventual "redirecionamento" de ativos, mas acrescentou que este é um trabalho ainda em andamento.
<b>Nova estrutura monetária</b>
A presidente do Banco Central Europeu afirmou também que a nova estrutura operacional monetária ainda está em discussão entre os dirigentes e será finalizada até 13 de março, quando deve ser publicada.
"É um assunto técnico altamente sensível, que requer uma boa revisão e explicação", respondeu, ao ser questionada durante coletiva de imprensa, após decisão monetária do BCE.
<b>Setor imobiliário</b>
Na mesma entrevista coletiva, ao lado de Lagarde, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, afirmou que o setor imobiliário comercial é "um dos riscos" para a zona do euro, no quadro atual. No momento em que o tema está em foco também nos Estados Unidos, o dirigente comentou que o BCE não vê contágio sério de problemas nesse segmento para os bancos, neste momento.
Segundo Guindos, o BCE monitora de perto os riscos com o setor imobiliário comercial.