A Lava Jato Rio denunciou nesta terça-feura, 22, o doleiro Chaaya Moghrabi, o "Yasha" por atuar em esquema para ocultar e dissimular a origem de US$ 11 milhões em contas na Suíça. Ele já foi alvo de três pedidos de prisão preventiva decretados pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio, mas foi beneficiado nas três ocasiões por decisões do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.
A última foi proferida na sexta, 19, último dia antes do recesso do Judiciário, após a prisão de Yasha, acusado de descumprir medidas judiciais anteriores e obstrução de Justiça por ter se recusado por 20 minutos a atender a Polícia Federal durante buscas, conduzidas em novembro. Gilmar, porém, afirmou que há um "verdadeiro fosso interpretativo" entre a ausência de "conduta colaborativa" e prática de atos de obstrução de Justiça.
Um dos principais doleiros de São Paulo, Yasha é acusado de utilizar rede familiar para dissimular operações no exterior, investigação que levou a busca na casa de seus parentes na operação Clãdestino. Segundo a Lava Jato, a esposa, a irmã e os pais do doleiro participavam do esquema e foram denunciados por organização criminosa. O cunhado, o irmão e os pais dele também foram acusados de montar uma offshore que ocultou 4,6 milhões de dólares para o doleiro.
As investigações contra Yasha começaram a partir da operação Câmbio, Desligo. Segundo a Lava Jato, ele teve uma forte atuação na geração de moeda em espécie no Brasil, obtendo o dinheiro vivo de comerciantes da região da 25 de março, enquanto indicava contas no exterior para transferência de recursos em compensação às quantias entregues a outros doleiros.
"São quantias que via de regra não ingressam na contabilidade formal das empresas e, com claro propósito de evasão fiscal e o auxílio do doleiro, passam a ser custodiadas no exterior, fora do controle das autoridades brasileiras", afirma a Lava Jato.
Outra forma de lavagem descoberta pelos investigadores era a venda e compra de joias de elevado valor. Na residência de um dos familiares do doleiro foi encontrada uma grande quantidade de peças escondidas, todas com etiquetas de venda.
A denúncia engloba transações envolvendo cinco offshores – Excel Overseas (US$ 80,6 mil), Moa Holding (US$ 200 mil), Bendol (60 mil), Volane (US$ 155.833,00) e Hakka (US$ 4.676.944,00) – e duas contas, a Eyesblue (US$ 2.096.591.82) e a Lotter (US$ 4.012.932,76).
<b>Defesa</b>
A reportagem busca contato com o doleiro Chaaya Moghrabi.