A Procuradoria-Geral da República determinou, em um dos inquéritos da Operação Lava Jato, que a Polícia Federal investigue as relações políticas e a suposta prática de agiotagem por parte de João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho – um dos três empresários de Pernambuco que compraram o jato Cessna, que em agosto de 2014 caiu e matou o candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB).
A PGR suspeita que João Carlos Lyra seja o dono da Câmara & Vasconcelos, uma das empresas que pagaram pela aeronave, vendida por
R$ 1,7 milhão.
Desde o ano passado, a PF investigava se os três empresários de Pernambuco eram “laranjas” usados para ocultar a compra do jato – que foi testado por Campos, dias antes de sua aquisição.
O PSB e a família Campos negam irregularidades. No ano passado, Lyra divulgou nota afirmando que comprou o avião e locou para a campanha de Campos. Algumas empresas, entre elas a Câmara & Vasconcelos, teriam emprestado os valores da compra.
Descoberta
O nome da empresa já havia aparecido na Lava Jato no fim do ano passado, como beneficiária da lavanderia do doleiro Alberto Youssef.
Foi identificado depósito de R$ 100 mil em janeiro de 2011. O que não se sabia era que João Carlos Lyra seria o dono da Câmara & Vasconcelos.
As suspeitas surgiram após Youssef afirmar, em delação premiada, em fevereiro, que o depósito para a Câmara & Vasconcelos referia-se a pagamento de dívida de campanha do senador Benedito de Lira (PP-AL), de 2010.
“Seria (a Câmara & Vasconcelos) uma empresa de Pernambuco. Eu sei que era para um agiota que ele (senador) estava devendo dinheiro que ele havia pego para terminar a campanha. Ele me falou que esse agiota era do Recife”, contou Youssef.
Na petição em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou abertura de inquérito contra o senador e seu filho, o deputado Arthur Lira (PP-AL), foi pedida a oitiva de Lyra e o aprofundamento das investigações sobre a Câmara & Vasconcelos. A PGR quer que o empresário “esclareça as transferências mencionadas e a relação com os parlamentares” e se a empresa era utilizada por ele “para atividades de agiotagem”.
O senador nega recebimento de propina e irregularidades na campanha. João Carlos Lyra não foi encontrado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.