O advogado Cristiano Zanin Martins, um dos juristas que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Lava Jato, disse que a operação não tem um sistema recursal que “impeça as ilegalidades” das investigações e julgamentos do juiz Sérgio Moro nas instâncias superiores da Justiça.
Durante discurso no evento organizado pelo PT para discutir a Operação Lava Jato, em São Paulo, Martins afirmou que os processos da operação não observam as garantias fundamentais. “E até o momento nós não verificamos um sistema recursal apto a poder impedir que isso possa ou continue a ocorrer”, afirmou.
Para Zanin, os processos da Lava Jato contra Lula não deveriam ter validade, pois deixam pessoas suscetíveis a “arbitrariedades” contrárias ao que diz a Constituição Federal. “Esses processos não deveriam ter a sua validade reconhecida, o sistema recursal deveria impedir a continuidade dessas ilegalidades”, afirmou.
O advogado alegou que as 73 testemunhas ouvidas no processo contra Lula no caso do tríplex do Guarujá (SP) não afirmaram nada que incrimine Lula. “Nenhuma das testemunhas afirmou qualquer fato que pudesse vincular o nome do ex-presidente a qualquer fato relacionado à prática de atos ilícitos”, disse.
Novamente, Martins questionou a imparcialidade de Sérgio Moro para julgar o ex-presidente Lula por causa da participação do magistrado em eventos com políticos de correntes contrárias ao ex-presidente. “Processo penal não deve ser meio de execração pública, não deve ser meio de perseguição política”, declarou. “Será que essas autoridades têm isenção necessária ou algo preconcebido, preestabelecido, ou, como diriam alguns, a sua própria convicção?”, questionou.
O advogado criticou o coordenador da força tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), procurador Deltan Dallagnol. Ele afirmou que o procurador se negou a ir às audiências que ouviram as testemunhas e continua a falar as coisas que comentou em entrevista coletiva quando apresentou a primeira denúncia contra o petista no âmbito da operação. “Ele continua a dizer as mesmas coisas da época da coletiva do Power Point sem saber que as testemunhas não apresentaram qualquer prova em relação às acusações”, disse. Ele lembrou que, das 73 pessoas ouvidas, 27 foram selecionadas pelo próprio MPF.
Filme
Martins também comunicou que pediu nesta quinta-feira, 23, uma investigação sobre o empréstimo de materiais da Polícia Federal para a produção de um filme sobre a Operação Lava Jato. Ele alegou que os materiais da PF devem ser mantidos sob sigilo e que a produção estaria alinhada com as ideias da acusação. “Esperamos que o nosso pedido seja acolhido e que o material seja recolhido ao sigilo legal necessário”, falou o advogado. Ele não citou em qual instância pediu a investigação do caso.