O auditório da Associação dos Cronistas Esportivos de São Paulo (Aceesp) lotou para a entrevista coletiva de lançamento da quinta edição do campeonato da Liga de Basquete Feminino. Está certo que a sala não é lá muito grande, mas a presença de representantes de um número recorde de equipes participantes da competição (dez) é um atestado de crescimento da liga, que já passou por maus bocados, como reconhece o próprio Celso Diniz, gerente-executivo da entidade.
“A nossa maior dificuldade mesmo era a falta de equipes. O basquete feminino não tinha visibilidade, isso é histórico. Basta lembrar que, em 1994, quando o Brasil foi campeão mundial, ainda não tinha um campeonato nacional”, diz o dirigente. Até 1997, havia a Taça Brasil de Clubes, um torneio disputado em sede única. “Não tínhamos mão de obra, os salários eram baixíssimos. Em alguns casos, as jogadoras ganhariam mais se arrumassem um emprego numa loja”, acrescenta Diniz.
Até mesmo em termos de estrutura física, a LBF progrediu. “Ela estava presa dentro de uma agência (a BSB, que pertence a José Carlos Brunoro) e agora tem uma sede própria, na Vila Mariana”, orgulha-se Diniz.
Em sua quinta temporada, a LBF ao menos tem alguns bons números para apresentar: todas as jogadoras da seleção brasileira estão participando (o que já não significa tanto, uma vez que o Brasil ficou na 11.ª colocação no último Mundial) e 17 estrangeiras, que contribuem para elevar o nível técnico da competição.
De maneira um tanto quanto acidental, multiplicou-se o número de participantes nordestinos: ao Sport e ao Maranhão Basquete junta-se o América/Uninassau. Depois de alcançar o título na terceira temporada e o vice na quarta, o Sport decidiu deixar de investir no basquete. O principal patrocinador, a Faculdade Maurício de Nassau, se abrigou em outro clube de Recife, o centenário América. Porém, a torcida do Sport se acostumou com as cestas e fez pressão sobre a diretoria, que concordou em montar uma equipe com menor investimento.
São Paulo continua sendo o estado com o maior número de representantes, cinco. Ourinhos, sem patrocinador, dissolveu sua tradicionalíssima equipe, mas duas equipes do interior aumentaram seu investimento e estreiam na liga: Barretos e Presidente Venceslau.
“A gente faz um trabalho sério nas categorias de base há muitos anos. Agora a cidade resolveu aceitar o desafio de participar da Liga, e jogadoras que formamos na base, sete anos atrás, estão voltando a Barretos”, diz o supervisor Jesus Oliveira, que representava o clube na ausência do técnico Alexandre Escame, que dá aulas num colégio. Segundo Jesus, a equipe pode se reforçar com um forte patrocinador. Há conversas com os dois maiores frigoríficos do país, Friboi e Minerva, que têm sede em Barretos.
Damiris, que jogou a última temporada da WNBA pelo Minnesota Lynx, diz que está apostando no crescimento da liga. “Algumas amigas minhas da WNBA, como a Seimone Augustus (bicampeã olímpica) já estão dizendo que querem vir jogar no Brasil. Financeiramente, a menos que você seja uma grande estrela e receba grandes propostas da Europa, muitas vezes vale a pena jogar aqui, porque o basquete europeu também está em crise. Faço parte da nova geração do basquete do meu país e gosto de fazer parte da nossa liga”, diz o principal nome do atual campeão, o Unimed/Americana.
O campeonato começa no próximo dia 30, com o jogo entre América/Uninassau e São José/Colinas Shopping, em Recife. Ao menos 20 partidas serão transmitidas pelo SporTV.