Num impressionante passo à frente mesmo em relação a artistas vivos, Elis Regina, 40 anos depois de sua morte, se torna a primeira cantora brasileira a ter um álbum clássico vertido para uma tecnologia de experiência imersiva. <i>Falso Brilhante</i> sai em Dolby Atmos, chamado também de áudio espacial, nesta quinta-feira, 17 de março, dia em que ela completaria 77 anos. A conversão foi feita por um dos filhos da cantora, o produtor João Marcello Bôscoli, que trabalhou com a equipe da empresa Dolby em estúdios de São Paulo.
O álbum, lançado originalmente em 1976, traz faixas como <i>Fascinação, Velha Roupa Colorida, Um Por Todos, Tatuagem</i> e <i>Como Nossos Pais</i>, que já havia sido lançada no final de 2021 em Dolby Atmos. Uma versão física Deluxe feita pela gravadora Universal traz um CD com mixagem e masterização atualizadas para os padrões modernos. Ele vem com um pôster da capa do disco.
Em um texto para a imprensa, João Marcello fala do projeto. "Visitando os master originais, conseguimos adequar os áudios aos padrões contemporâneos. Cada plataforma digital hoje tem suas próprias diretrizes técnicas e neste trabalho pudemos ajustar o áudio do disco para cada uma, inclusive a nova Spotify Loud." Ele trabalhou ao lado do engenheiro de som Ricardo Câmera e teve consultoria técnica em áudio imersivo de Daniel Sasso e Toco Cerqueira e apoio de Giovanni Asselta, da Dolby Latam.
O álbum original, gravado no Rio, teve como base um dos maiores shows que Elis fez em sua carreira. <i>Falso Brilhante</i>, dirigido musicalmente por Cesar Camargo Mariano, ficou mais de um ano em cartaz no Teatro Bandeirantes, entre 1975 e 1977. Como fazer as atualizações sonoras sem desfigurar o espírito do show? João também falou sobre isso: "Foi superimportante manter as proporções sonoras intactas, equalizando com cuidado os volumes da voz e dos instrumentos da matriz, sem pirotecnias. E ainda aproveitamos para restaurar alguns artefatos que não pertenciam à gravação original, como pequenas distorções e chiados."