Estadão

Líderes africanos deixam encontro com Vladimir Putin sem acordo

O encontro entre o presidente russo Vladimir Putin e os líderes africanos na cúpula Rússia-África terminou sem avanços para os pedidos de retomada do acordo de grãos do Mar Negro e sem resultados para o plano de paz para a guerra entre Rússia e Ucrânia. Os dois tópicos foram demandas das autoridades de países da África nas reuniões, já que nações do continente, que enfrentam a fome, dependem do fornecimento de grãos que está prejudicado pelos conflitos de Rússia e Ucrânia.

Em entrevista no sábado (29), Putin disse que o término do acordo de grãos pela Rússia neste mês gerou aumento nos preços, o que beneficia as empresas russas. Ele acrescentou que Moscou compartilharia parte dessas receitas com as "nações mais pobres", sem especificar detalhes. No começo do evento, o líder russo já tinha prometido enviar de 25 mil a 50 mil toneladas de grãos sem custos para seis países africanos nos próximos três a quatro meses. Os beneficiados seriam Burkina Faso, Zimbábue, Mali, Somália, Eritreia e República Centro-Africana.

No entanto, a quantidade seria insignificante diante das 725 mil toneladas enviadas pelo Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU) para países que enfrentam a fome, sob o acordo de grãos. Diante disso, os líderes fizeram cobranças, com os presidentes do Egito e da África do Sul entre os mais enfáticos na necessidade de retomar o acordo de grãos.

<b>Sinais de paz</b>

Os líderes africanos também pediram por sinais mais claros de paz para o conflito entre Rússia e Ucrânia. Putin disse que a Rússia analisaria a proposta de paz, cujos detalhes não foram compartilhados publicamente, mas questionou: "Por que vocês nos pedem para pausar o fogo? Não podemos fazer isso enquanto estamos sendo atacados."

Para o chefe da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, as nações africanas precisam de resultados mais concretos de tais reuniões. "O comércio entre a Rússia e a África está muito desequilibrado a favor da primeira parte e deve ser melhorado", disse. Na primeira cúpula Rússia-África, em 2019, Putin prometeu dobrar o comércio da Rússia com o continente em cinco anos. No entanto, ele estagnou em torno de US$ 18 bilhões por ano.

Além disso, "o fortalecimento da cooperação em paz, segurança e luta contra o terrorismo exige mais ações e menos declarações de intenções", declarou Mahamat, enquanto ele e outros líderes africanos acompanhavam o golpe de estado no Níger que poderia atrapalhar a resposta regional à crescente ameaça de grupos extremistas islâmicos. Fonte: Associated Press.

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